Deputados governistas teriam vendido projeto por R$ 1,5 milhão
Um episódio, um escândalo grotesco se abate sobre a Assembléia Legislativa e pode envolver pelo menos 30 parlamentares com notícias de recebimento de propina, por uma das causas menos nobres: a aprovação de um projeto que permitira a empreiteiros da construção civil promover a derrubada de babaçuais na ilha de São Luís.
Ontem, o deputado Carlos Alberto Milhomen protocolou requerimento na Assembléia Legislativa no qual pede que seja objeto de investigação da CPI proposta para apurar aplicação de recursos de um convênio firmado entre o Estado do Maranhão e a Prefeitura de São Luís, denúncia postada em Blog local cujo título foi: Onde está o dinheiro? O deputado comeu?
A denúncia remete a um projeto cuja primeira autoria foi do deputado Edivaldo Holanda e segunda do deputado Carlos Alberto Milhomen e sua aprovação dependeria de uma propina de R$ 1 milhão e 500 mil a ser dividida entre 30 parlamentares. O requerimento de um Milhomen que da tribuna se revelou ferido e magoado, e às vezes furioso pela suspeita, e que deve ser colocado em votação ainda hoje, não diz muita coisa, mas o deputado César Pires foi à tribuna e falou do que se tratava. Agora é a Assembléia como um todo que precisa dar uma resposta a essa publicação, pois a matéria, cujo teor é tido como verdadeiro nos meios políticos, fala que um deputado recebeu os R$ 1,5 milhão de empresários, mas não dividiu entre os demais que estavam dispostos a flexibilizar leis ambientais para permitir a construção de condomínios e prédios em áreas sensíveis de São Luís. Os nomes dos 30 parlamentares não são citados e é exatamente essa omissão que está criando um sério mal estar entre todos os eleitos do Poder Legislativo.
Como toda CPI tem um objeto definido e esta do deputado Roberto Costa quer investigar apenas o destino de 73,5 milhões de um convênio firmado entre a Prefeitura e o ex-governador Jackson Lago, o requerimento de Tatá Milhomen é inócuo. E a pergunta que se faz neste momento é: como uma Assembléia sobre a qual recai a suspeita de negociar propinas para desestabilizar o Meio Ambiente de São Luís terá autoridade para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito e investigar seja lá o que for?
Muitos deputados, porque certamente não fizeram parte de tão vil negociata, estão visivelmente revoltados com o efeito que tal revelação exercerá sobre suas imagens e preocupados como o eleitor receberá tamanha desconfiança. O caso está nas ruas e provavelmente será manchete da grande maioria dos jornais de hoje. E esse é um escândalo capaz de engolir todos os princípios do múnus público. E é aí que vem a segunda pergunta: Como a Assembléia se comportará diante dele?
(Editorial do Jornal Pequeno – Edição do dia 7 de dezembro)
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