sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O BRADO SARNEIZANTE

“Parece que quando Sarney arrota a Justiça se ajoelha”.

JM Cunha Santos


Essa não é a história de um líder nacional honesto em confronto com um Congresso desonesto. Também é provável que nenhuma autoridade corrupta deixe o cargo algemada direto para a cadeia, na dependência de um habeas corpus, até porque no Maranhão os habeas corpus costumam ser preventivos. Que o diga Fernando Sarney. Não haverá nenhum atentado, porque todos os atentados criminosos estão sendo cometidos diretamente contra a população.

Embora retumbante, essa é a história de um outro brado, o brado sarneizante que, a exemplo do que aconteceu com o governador Jackson Lago, arma mais um golpe judicial contra a vontade manifesta do povo maranhense, desta vez para cassar o mandato do prefeito legitimamente eleito, João Castelo.

Uma CPI na Assembléia Legislativa, uma representação no Ministério Público, incursões no Tribunal de Justiça do Estado, recurso no Supremo Tribunal Federal, a mídia suspeita encharcando a população de mentiras. O cerco se fecha. Bastou que a CPI fosse suspensa para que o Ministério Público decidisse investigar os convênios. E se o Ministério Público, cuja Procuradora Geral, Fátima Travassos, se mantém contra a vontade da maioria dos promotores, mas atarracada às saias do Governo do Estado, não chegar a conclusão nenhuma, será a hora de chamar “o prestígio de Sarney junto aos tribunais”. O mesmo prestígio que cassou o mandato do ex-governador Jackson Lago.

Parece que quando Sarney arrota a Justiça se ajoelha. E é ele mesmo quem faz questão de deixar isso bem claro. Seu fiel escudeiro, Roberto Costa, referindo-se a um provável desfecho da batalha judicial entre a Prefeitura e o Estado em torno dos convênios, teria dito nos corredores da Assembléia: “Sarney é Sarney, porque se Sarney não fosse Sarney, Sarney não seria Sarney.” Um repórter do Sistema Mirante antecipou que o Tribunal de Justiça vai revogar a decisão do juiz Megbel Abdalla com relação aos convênios seqüestrados pelo Estado. E a Justiça não se manifesta quanto a esses insultos à sua integridade.

Os tapetes da corrupção institucional e dos interesses escusos estão estendidos para tornar inelegível o prefeito João Castelo. Ele que se cuide. São efeitos do brado sarneizante que dói nos ouvidos de gente honesta ou que ainda tenha algum respeito pelas instituições públicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário