domingo, 12 de fevereiro de 2012

AMEAÇA

JM Cunha Santos


A manhã me assusta de tão sozinha

os pássaros fogem das nuvens

e despencam na eternidade



Estou brincando de menino

e não tenho medo

das armas apontadas contra mim



O céu sofre com meu orgasmo

se diluo a aurora em meu líquido sexual



Tenho medo do homem que não come

Tenho medo da mulher que não sabe parir

e decido nascer novo



No espelho um rosto que não é meu esquece

e meu coração furado sente gosto de ameaças



Há assassinos à procura do meu peito

e o sangue de Javé cai inútil da imensidão



Sei que eles me procuram, vigiam

mas me distraio separando o sol



A moça deitada

é meu único contato com a verdade



Não posso mais chorar no colo da Justiça



Se toda manhã fosse assim

eu não leria jornais

Se toda manhã fosse assim

ela não cuspiria luzes



Está escuro

os carinhos doem

A moça deitada

não sabe sobre os bandidos

sobre as palavras deles

e seu beijo dentro da lâmpada

é quase uma ameaça de morte

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