JM Cunha Santos
A manhã me assusta de tão sozinha
os pássaros fogem das nuvens
e despencam na eternidade
Estou brincando de menino
e não tenho medo
das armas apontadas contra mim
O céu sofre com meu orgasmo
se diluo a aurora em meu líquido sexual
Tenho medo do homem que não come
Tenho medo da mulher que não sabe parir
e decido nascer novo
No espelho um rosto que não é meu esquece
e meu coração furado sente gosto de ameaças
Há assassinos à procura do meu peito
e o sangue de Javé cai inútil da imensidão
Sei que eles me procuram, vigiam
mas me distraio separando o sol
A moça deitada
é meu único contato com a verdade
Não posso mais chorar no colo da Justiça
Se toda manhã fosse assim
eu não leria jornais
Se toda manhã fosse assim
ela não cuspiria luzes
Está escuro
os carinhos doem
A moça deitada
não sabe sobre os bandidos
sobre as palavras deles
e seu beijo dentro da lâmpada
é quase uma ameaça de morte
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