JM Cunha Santos
O livro “A arte de furtar”, atribuído por muitos ao padre Antônio Vieira, foi citado pela revista Época na matéria “Anatomia da Corrupção”, assinada por Marcelo Rocha. A obra lista diversas maneiras encontradas pelos representantes da Coroa Portuguesa para desviar dinheiro público na colônia. Entre seus 70 capítulos estão: “Dos que furtam com unhas invisíveis”, “Dos que furtam com unhas toleradas”, “Dos que furtam com unhas vagarosas”, “Dos que furtam com unhas alugadas”, “Dos que furtam com unhas pacíficas” e até “Dos que furtam com unhas amorosas”.
Fazendo um paralelo com o que acontece no governo do Maranhão, diríamos que os que furtam com unhas invisíveis são a grande maioria. Jamais conseguirão provar nada contra eles, embora figurem constantemente como suspeitos. Seria o caso do dinheiro das enchentes de 2009, levado por unhas até hoje indetectáveis.
Os que furtam com unhas toleradas também são muitos e o fazem com a certeza da impunidade. Jamais serão incomodados por tribunais de conta, quase sempre serão absolvidos pela Justiça e seus furtos nunca serão objeto de comissões parlamentares de inquérito e investigações do Ministério Público. O que lembra a muito famosa lei dos babaçuais.
Os que furtam com unhas vagarosas, além de “muito devagar” são burros. Geralmente só recebem sobras de comissões em forma de propina. Já os que furtam com unhas alugadas são perigosos, pois costumam usar terceiros para a prática do furto, mesmo que os terceiros não tenham conhecimento disso. Os unhas alugadas adoram um suco de laranja. Nada a ver coma frutaria o deputado Carlos Filho.
Os que furtam com unhas pacíficas costumam dividir equanimemente o produto do furto e, assim, acabam fazendo muitos amigos. Os que furtam com unhas amorosas merecem respeito. Geralmente nomeiam seus parentes para cargos chaves da administração. Lembram certos atos secretos no Senado e uma teimosa Fundação da Memória Republicana que nunca decidem se é pública ou privada.
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