domingo, 18 de março de 2012

A sublocação da República

Editorial do Jornal Pequeno, sábado, 17

Chantagem parlamentar. A expressão deve cair no gosto popular se a presidente Dilma resolver peitar os lordes do Congresso Nacional, como parece ser sua vontade e promover desovas administrativas inesperadas, como a da turma do Sarney do setor elétrico ou de Renan Calheiros do Senado da República. Tem-se dito muito que o modelo político brasileiro faz dos presidentes reféns do Congresso Nacional. Parece que tudo o que é do interesse do governo, mesmo que implique em maior bem estar para a população, só é aprovado em troca de cargos e benesses e essa é uma realidade que mancha a democracia brasileira.

A chantagem começa ordinariamente ainda nos períodos pré-eleitorais. Os partidos vendem horários de televisão, apoio institucional e votos em troca de gordos orçamentos localizados em ministérios e secretarias. Assim, o PMDB de Sarney domina o setor elétrico, o PC do B não aceita ficar sem o setor de transportes, o PTB insiste em dominar os recursos trabalhistas e o país passa a ser governado ao sabor de um sistema de trocas que beira à extorsão.

No fundo, os apetites partidários são insaciáveis. A República se sustenta num terrível modelo de sublocação onde o que menos importa são os deveres administrativos para com a Nação. Nascem e morrem aliados de acordo com interesses que não visam em nada melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro. São interesses escusos, espúrios e eleitoreiros. As alianças urdidas no período pré-eleitoral são esticadas para uma possível convivência harmônica com o que se convencionou chamar de base aliada. Assim se gerou o mensalão e outros desvios criminosos no governo Lula. Os congressistas parecem achar que merecem ser pagos e muito bem pagos para salvar o Brasil não se sabe do quê, se não é deles mesmos.

A chantagem contra presidentes da República é tão violenta que quase sempre eles são aconselhados a ceder a todos os pedidos, por mais escabrosos e vis que sejam. Não há nenhuma forma de pureza nesse tipo de relação. A presidente Dilma, dizem, joga um jogo perigoso, embora se saiba, por todos os fatos, que ela está com a razão. Mas joga bem. Quando defenestrou dos cargos ministros corruptos esperava-se por uma reação em cadeia dos partidos atingidos. A reação não veio porque os ministros saíram, mas os partidos mantiveram os cargos. Mas isso também pode mudar.

De qualquer modo, as reformas estão acontecendo. Lentamente, sem muito alarde e apesar dos estrilos. A primeira aconteceu no Ministério, a segunda se desenvolve no Senado e a maior de todas elas acontece na Justiça, sob a guarda do CNJ que resolveu ser implacável com o tráfico de influência. As reações esperadas certamente virão, mas a presidente se imuniza dos ataques dentro de um confortável patamar de 70% de aprovação da população brasileira ao seu governo.

É um sonho quase impossível, mas talvez já seja possível pensar que a sublocação da República chegue ao fim ainda neste governo. Pior para todos eles. Pior para os corruptos.

2 comentários:

  1. Cunha Santos.

    Cunharam uma frase que diz, cuidado com quem veste saias, mulher, juiz. padre, pois a frase vale a dilmaquinista veste saia e diz saia e les saem pelas portas do fundo da política rasteira que eles faziam no parlamento, agora é um Deus nos acuda, pois até na casa domacunaím dollllua já foram e pedir prá queele interceda e ele malandro o herói sem carater de Mário de Andrade disse eu posso memeter depois de trinta dias pois estou convalescedo, então aprocissão puxada por SARNEM, não vingou e nem vai vingar, pois é chegada a hora da onça beber água e o caçador foi caçar e vorou caça.

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  2. Se é verdade que o Lula pensa em voltar a presidir o Brasil mais uma vez nao vai ajudar ninguém contra a Dilma.

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