JM Cunha Santos
Mais difícil que escapar do amigo da onça é escapar da onça do amigo. Há sempre algum amigo controlando um destes predadores disposto a enfiar os dentes até os ossos, a arrancar alguma coisa de você. O Maranhão vem sendo mordido há muito tempo, assim como seu povo. Principalmente no cérebro e no bolso, pontos críticos onde a onça do amigo mais gosta de morder.
Morde no cérebro para provocar a inquietante alienação das massas, levadas a acreditar que o Maranhão é um oásis de progresso, honestidade e desenvolvimento, quando nem aeroporto temos, nem uma rodovia que se respeite para circular.
Vivendo este povo entre jaguaretês do poder público, suas moléculas estão sempre expostas, porque o poder carnívoro do amigo da onça é bem menor que o poder da onça do amigo. O amigo da onça vive em qualquer lugar, a onça do amigo prefere viver em ilhas onde águas aquecidas, ventos rarefeitos e seguranças musculosos dificultam o acesso. É em ilhas como essas que a onça do amigo conversa com seus filhotes e prepara novos ataques, novas mordidas letais, pois se trata de um animal poderoso, difícil de ser extirpado, embora seja, para o bem do povo, uma espécie em extinção.
A pelagem da onça do amigo é capaz de mutações genéticas e emocionais que enganam qualquer um. Em geral, tem a cabeça grande e pesa nas consciências e mama, como mama este animal nas tetas do Estado, nos seios caídos da Nação.
Não se dirá que é um animal covarde, mas é certo que prefere atacar indivíduos inexperientes ou confiantes, pobres, doentes, velhos, indefesos, qualquer um que não tenha como se defender. Apesar da constância dos ataques contra populações indefesas, é incrível a capacidade que tem a onça pintada, a onça do amigo, de escapar dos caçadores. Sempre capturam outro bicho em seu lugar.
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