Os limites das investigações

JM Cunha Santos

A solicitação feita pelo deputado Bira do Pindaré de que a Polícia Federal assuma as investigações do assassinato do jornalista Décio Sá foi a mais coerente manifestação política em torno do assunto até o momento. Sabemos já que uma quadrilha de agiotas negociava com gestores municipais empréstimos a juros a serem pagos com recursos públicos. Com recursos públicos, senhores!

O fato se torna mais grave porque, para além da agiotagem, podemos entender que grande parte do dinheiro do Maranhão, inclusive transferências federais e estaduais obrigatórias, estavam sacrificadas a interesses privados e criminosos. Quase sempre os gestores municipais do Estado têm ligações políticas e administrativas com o governo, não só aqui, mas em todo o país, o que basta para impor limitações às investigações locais, conforme frisou o deputado Bira do Pindaré. E são limitações políticas, econômicas, eleitorais e de toda natureza.

Há mais que um crime de encomenda nessa história toda. Há um ataque ao Maranhão e à Nação, aos interesses institucionais, aos cofres públicos do Estado, dos municípios e do país. Parece mais um consórcio criminoso que, à medida das investigações, arrasta num lamaçal sem fim, justa ou injustamente, nomes de prefeitos, juízes, deputados, desembargadores, autoridades todas dos três poderes da República no Maranhão.

E, enquanto alguns se justificam e outros se revoltam, sobra a impressão de que o próprio Estado, sem que ninguém percebesse, se tornou refém de uma quadrilha cujos tentáculos se enroscaram nas instituições públicas. De resto, podemos apenas dizer que sabe Deus até onde essas investigações podem levar se, de fato, houver a decisão política de que elas sejam finalizadas.