Editorial
JP, 29 de março
No
calendário Ocidental a Páscoa é a maior e mais importante festa da cristandade
na qual é celebrada a ressurreição de Cristo, ocorrida três dias após sua
crucificação. Para os judeus a “Passagem“ determina o fim da escravidão de quatro
séculos no Egito e uma terceira tradução se refere a uma festa de grupos
pastoris que viviam na terra de Canaã no segundo milênio antes de Cristo. No
final das chuvas, os pastores abandonavam suas terras e viajavam para regiões
mais férteis. A festa da Páscoa pedia proteção durante a travessia.
Pagãos
cristianizados teriam acrescentado a troca de ovos de chocolate coloridos e os
coelhos misteriosos à festa da Páscoa e o consumismo ocidental se aproveitou
desse ritual para colocar nas prateleiras dos supermercados e lojas de
guloseimas ovos de páscoa cujos preços chegam à metade do salário mínimo. De
forma que, por esta e outras razões, muita gente está substituindo o ovo de
Páscoa pelo ovo de codorna. É que dá para comprar.
Uma
outra tradição, que tem servido para engordar os portugueses e emagrecer as
contas correntes dos brasileiros é o hábito de comer bacalhau na Semana Santa.
É outra coisa com preços de romanos e fariseus e, na falta de bacalhau, quem
visita os lares do país durante os rituais de passagem é a piaba e o camarão
piticaia, daqueles que só dá para enxergar com lupa.
A
Páscoa era também uma festa do silêncio e da reverência ao Senhor Morto. O
silêncio era tão sagrado que até os corretivos das crianças nessa época eram
guardados para o sábado de aleluia e não por complacência dos pais, mas para
que não se ouvissem gritos e berros na sexta-feira da Paixão. Hoje em dia
ninguém mais espera pela Aleluia. O feriadão inteiro tem o mesmo sabor de
pecado, com radiolas de reggae estourando os tímpanos em tal volume que não há
cristão que agüente e carros de som na altura de uma explosão fazendo os
bêbados dançarem músicas idiotas nas praias.
As
missas e procissões ainda se mantêm, mas muitas delas ao som de guitarras
elétricas estridentes que ofendem a reverência e a consternação pela morte do
Senhor. Transgredidas todas as tradições, o que deveria ser um momento de
reflexão sobre a Paz, sobre a passagem desta para outra vida, sobre os limites
de nossos pecados, acaba restrito a algumas poucas pessoas de fé verdadeira. E,
assim, a grande Passagem se reduz a rituais pagãos e consumismo desenfreado nos
quais os festins de Baco se apossam dos ideais de louvor e adoração.
Mas
este Deus lá em cima sempre será complacente e piedoso com seus filhos, ensinando-lhes
o verdadeiro valor do perdão. Se apenas dão a César o que é de Cesar e renegam
o que é de Deus que ainda assim os alcance a todos a oração que o Senhor nos
ensinou:
“Pai
Nosso que estás nos céus, santificado seja o vosso nome... Para que também eles
façam a passagem entre a vida e a morte cercados de amor e Paz.
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