Editorial
JP, 2 de março
Um
polvo com mais tentáculos que o corpo pode suportar. Assim pode ser definido
hoje o sarneisismo, modelo político que se sustenta no poder a quase 50 anos e
contra o qual, historicamente, todas as investidas da oposição foram até agora
inúteis. Esses tentáculos invadiram a Assembléia, a Câmara Federal e o Senado,
os tribunais, as câmaras de vereadores todas do Estado e criaram limo nas
Prefeituras do Maranhão.
Começou
a dar os primeiros sinais de fadiga com a eleição de Jackson Lago, mas
recompôs-se usando os braços fincados em Brasília para manter nos dentes sua
presa preferencial, o Estado do Maranhão. A partir daí vem se realimentando e a
cada movimento livrando-se dos predadores que ameaçam tomar o poder. Nestes
anos todos, denúncias de corrupção e fraude abalaram, mas não conseguiram
desmontar a autoridade física de um modelo político ramificado em todas as
instâncias de poder e que até aqui se mantêm intocável.
Os
novos sinais de fadiga são sentidos principalmente na predisposição do povo
maranhense de livrar-se dos tentáculos do sarneisismo. É o eleitor que está
cansado das vitórias e manobras do sarneisismo, o que restou demonstrado,
recentemente, em pesquisa que coloca o Dr. Flávio Dino, principal adversário do
regime, com impressionantes 58% dos votos a quase dois anos da eleição. Outros
sinais se acumulam dentro do próprio governo. Quase meio século depois, o poder
se exauriu e correntes políticas adversas se formam dentro do cansado sistema
político de cooptação. O nome Sarney provoca coceiras no eleitor. O nome Lobão
soa diferente, mas tem o mesmo efeito de um ataque de pulgas. O nome João
Alberto causa a mesma sensação de formigamento. Por isso escolheram Luis
Fernando, um Silva, na tentativa de evitar que a fadiga do eleitor não provoque
cãibras incontornáveis nos braços do polvo.
O
poder se exauriu a ponto de uma vaga no Tribunal de Contas do Estado ser a
única solução disponível para que PT e PMDB, principais partidos da aliança que
sustenta Roseana Sarney, não se esfolem pela cadeira Nº
1 do Palácio dos Leões, no caso da
governadora concorrer a qualquer cargo.
A
linha sucessória no Maranhão é um verdadeiro Enigma da Esfinge, no melhor
estilo “decifra-me ou devoro-te” e muitas são as especulações em torno de quem
sentará na cadeira da filha de Sarney no interregno entre as candidaturas e a
posse. Talvez Washington Oliveira, talvez Arnaldo Melo, talvez o presidente do
Tribunal de Justiça, talvez Max Barros, talvez ninguém. Talvez, talvez...
E
esse é mais um sinal de fadiga no centro do poder. Roseana Sarney não parece
confiar em qualquer um para substituí-la enquanto concorre ao Senado e não
consegue unir seus aliados em torno do nome de Luís Fernando Silva. O velho
Sarney tem dúvidas entre Lobão e João Alberto e dentro do processo sucessório
Roseana ainda pode permanecer no governo até o final. A Esfinge permanece
incólume, como demônio de destruição e má sorte, fazendo perguntas que ninguém
consegue responder. Mas talvez que surja na oposição algum Édipo capaz de
decifrar.
Quando falo que seus artigos são maravilhosos e atingem a questão em seu âmago, digo de coração por que sou seu admirador e por que tens uma mente brilhante e a capacidade de falar diretamente em nomes que são proibidos falar, pois os mesmos, se consideram donos do ARANHÃO.
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