domingo, 21 de abril de 2013

Para ouvir Josés

JM Cunha Santos

Não é sempre que neste país nos dão a chance de ouvir a voz de um condenado. No máximo, os advogados falam por ele. No mínimo os juízes, que só devem falar nos autos, dizem deles o que pensam. Mas o ex-ministro José Dirceu, protagonista condenado do mais visível escândalo da República, está em São Luís para proferir a palestra “O estado democrático de direito e a democracia participativa”. Entendendo-se que não se trata aqui de participação de ninguém no bolo financeiro do Estado. Deve ser ouvido, tem que ser ouvido, mas para ouvir Josés alinhavam-se algumas regras básicas.
Não se ouvem Josés se o governante ou a governante de um Estado se negar a recebê-lo ou dele se esconder em ilhas fiscais paradisíacas onde também se escondem milhões; não se ouvem Josés sobre corrupção, cooptação, votações secretas e instintos primitivos de parceiros de quadrilha. Josés não podem ser ouvidos sobre fundações republicanas, processos de cassação e menos ainda sobre operações da Polícia Federal.
Josés devem ser ouvidos com roupas modestas, em lugares sem muito luxo e conforto para não chamar a atenção. Josés não falam sobre refinarias, pólos de confecções, bumba-boi e segredos de Justiça. Para ouvir Josés é preciso estar informado sobre o PED, mesmo quando ele signifique Processo de Execução da Democracia. Quem ouve Josés, não faz perguntas sobre nepotismo no Senado e atos secretos, sob pena de estragar a falação.
Para ouvir Josés é preciso conhecer as leis do país, até para avaliar em quantas eles deveriam ser incursos. Para ouvir Josés é preciso separar o que deve ser ouvido do que deve ser escutado. Não se ouvem Josés com cera no ouvido e na falta de cotonetes vai mesmo um palito de fósforo, já que a idéia é tocar fogo na República.. Josés não mentem, vendem verdades, por isso é preciso ouvi-los de coração aberto e com as contas correntes sob controle total.
Dizem que a governadora vai partir assim que José Dirceu chegar. Isso é normal, pois se Roseana não ouve mais nem o José da casa dela, o PMDB, não tem obrigação de ouvir nenhum José da casa alheia. E, “Virgem, como tem Zé”.

Um comentário:

  1. MEU CARO HOMEM DA PENA, SR. CUNHA SANTOS, DUVIDO MUITO QUE A GOVERNADORA VÁ SUMIR NO DIA DA CHEGADA DE ZÉ DIRCEU, ATÉ PQ OS SEMELHANTES SE ATRAEM E O VELHO SARNA AINDA NÃO PULOU EM UM OUTRO COURO PARA PARASITAR, CONTINUA INFESTADO NO DA PRESIDENTA, E ASSIM GARANTIR O PODER DA FAMÍLIA POR MAIS TEMPO.

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