terça-feira, 21 de maio de 2013

Bolsa “fomília”

JM Cunha Santos

O que demonstrou a invasão desordenada e louca dos beneficiários do Bolsa Família às agências da Caixa Econômica Federal em 12 Estados? Diria a presidente Dilma que o boato espalhado, inclusive nas redes sociais, foi desumano e criminoso. E foram mesmo. Agências da Caixa Econômica foram depredadas por uma turba-multa que acreditava ser aquela a última chance de receber os parcos recursos doados pelo Governo Federal.
Significa que os milhões de brasileiros que, conforme o Governo, estão saindo da miséria se multiplicam em outros setores. O desespero, a corrida maluca de milhões para receber o que pensavam ser o último benefício, cujo valor varia de R$ 22 a R$ 200 mostra que a fome ainda é um mal que precisa ser enfrentado no país e, provavelmente, através de outras fórmulas que não as pensões sociais pagas pelo governo.
Não há que se concordar literalmente com os críticos do Bolsa Família, os que insistem que é melhor ensinar a pescar que fornecer o peixe. O problema com esse argumento é que a fome não espera, o grito da necessidade é iminente e problemático, a falta de pão na mesa dos filhos pode levar qualquer um à loucura. Outras fomes, como a fome de educação, de saúde pública rondam o país, mas talvez que com elas seja possível envelhecer. Sem alimentação não é possível trabalhar, nem estudar, nem crescer para lado nenhum. É a atrofia física e dos sentidos pura e simples. Mas o que restou demonstrado com a revolta de quem depende de tão minguados recursos para sobreviver, é que a estrada até o fim da fome, de todas as fomes no Brasil, é muito longa. E pelo que pudemos constatar ainda não demos nem o primeiro passo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário