JM
Cunha Santos
Alguém
já se perguntou, por exemplo,
porque
a oposição na Assembléia
se
nega a assinar a CPI da Agiotagem?
Por
mais que seja lamentável e doa dizer, não adianta querer tapar o sol com a peneira.
À sua revelia, provavelmente, mas houve corrupção sim, no governo Jackson Lago,
no mesmo e terrível esquema da Gautama que envolveu também os governadores
Wellington Dias, do PT do Piauí e Teotônio Vilela de Alagoas. Uma trama que,
segundo a revista Isto É, elevou os preços de obras públicas no país em até
416%. Houve corrupção e ela não ficou restrita à estrada Coroatá-Vargem Grande,
um escândalo que se repete, hoje, na Assembléia.
A
“Operação Navalha”, deflagrada no dia 17 de maio de 2008 pela Polícia Federal,
flagrou uma assessora de Teotônio Vilela Filho recebendo R$ 150 mil de Zuleido
Veras, dono da empresa. A essas alturas a Procuradoria Geral da República já
estava finalizando uma relação com mais de 50 nomes envolvidos na corrupção que
atingia 5 estados, o Distrito Federal, três governadores e um ex-governador,
além de executivos de 4 Ministérios.
A
reportagem mostrou que no Maranhão a liberação de dinheiro para a Gautama foi
feita com base em medições falsas de obras públicas. O exemplo citado foi a
ponte sobre o rio Pericumã, obra jamais construída e que somente no item
escavação foi superfaturada em 978%.
No
diagrama da Polícia Federal constavam os nomes de Alexandre Maia Lago e
Francisco de Paula Lima Júnior, sobrinhos do governador Jackson Lago, como
tendo recebido R$ 240 mil de Zuleido Veras. No diagrama, a Polícia Federal
relatava, literalmente: “Pagamento de propina a Alexandre, Paulo e Jackson
Lago, correspondente a 8% da liberação de R$ 2,9 milhões para a Gautama em
março do ano passado”. “O governador não afiançou o que os sobrinhos andavam
fazendo”, declarou à época Zeca Pinheiro, assessor de Jackson.
E,
se serve de consolo, muitas pessoas enriqueceram a olhos vistos nesse período,
enquanto o governador mantinha como propriedades apenas um apartamento e uma
camionete paga em 36 meses. Deve ser por isso que no Maranhão gente da oposição
paga tão alto para comprar silêncio e alugar barulhos.
A
operação acabou envolvendo também o ex-governador José Reinaldo Tavares,
acusado de receber de Zuleido Veras, em 2006, um Citroen no valor de R$ 110,3
mil, carro associado à liberação de recursos do Programa de Perenização e
Travessias no Maranhão.
Maior
vítima dos corruptos que o rodeavam e culpado talvez somente por omissão,
Jackson Lago negou tudo, mas admitiu a existência de indícios de
irregularidades nos contratos entre a empresa e o governo do Estado. O desfecho da “Operação Navalha” foi a suspensão
de todas as obras da Gautama no Maranhão. Alexandre Maia e Paulo Lima Júnior
acabaram presos e o advogado de Jackson Lago, Geraldo Alckimim declarou que os
sobrinhos (Nem os assessores, é claro) jamais atuaram com conhecimento do
governador.
Os
que querem crucificar o deputado Max Barros por ter citado o nome do governador
falecido estão errados. Corrupção é corrupção e tem que ser apurada a qualquer
custo, venha da oposição ou venha do governo. Alguém já se perguntou, por
exemplo, porque a oposição na Assembléia se nega a assinar a CPI da Agiotagem?
Mas esse é um assunto que ainda demora para explodir.
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