JM
Cunha Santos
Há
uma tendência do ser humano de ficar procurando culpados quando acontece uma
tragédia, fatalidade ou mesmo uma inevitável catástrofe. O uso político de
tragédias e fatalidades, entretanto, se configura algumas vezes em ato
elementar de irresponsabilidade, que depõe contra o exercício da função
pública. A expressão “Eles matam sorrindo”, com que o deputado simples
Simplício Araújo se referiu ao deputado Ricardo Murad e à governadora Roseana
Sarney, em virtude de uma tragédia ocorrida com duas crianças num hospital de
Coroatá, é um exemplo crasso de como não se deve fazer política.
Que
acusasse o governo de inoperância, de incompetência administrativa ou do que
mais quisesse, mas a frase, além do fato de que beira à sandice, passa a
impressão de que o secretário, assim como a governadora, são responsáveis
diretos pelo infortúnio de uma criança que morreu e de outra que teve o braço
amputado. E sabem todos que nenhum dos dois quis isso e nem sequer podiam
imaginar que uma tragédia como essa viesse a acontecer. Além do fato de que se
percebe nessa afirmação uma relação de ódio político injustificável.
A
prerrogativa da imunidade parlamentar por palavras às vezes dá nisso. A
afirmação é vergonhosa, é triste, não é digna de um representante do povo. Ninguém
desejou que essa criança morresse ou que o desfecho da presença da mãe no
hospital fosse tão trágico. Há coisas que vão acontecer independente de nossa
vontade, nossa piedade. O deputado Simplício Araújo faz ilações criminosas,
desconexas e estúpidas para associar o nome do secretário Ricardo Murad com a
fatalidade ocorrida com os dois inocentes. E o que espera com isso são ganhos
políticos, é a exposição de sua imagem mal votada na mídia talvez. É um ato
mais que irresponsável. É nojento.
Vê-se
muito disso na política, infelizmente. Uma criança morreu, vamos chorar e rezar
por ela. O que não podemos é fazer uso de seu cadáver como matéria de
proselitismo político-eleitoral.
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