JM Cunha Santos
Na infância víamos
fantasmas. Etéreos, como costumam ser todos os fantasmas, em qualquer época e
em qualquer lugar. Mas também eram transparentes. Nossos encontros com dráculas
nos castelos da imaginação eram terríveis, mas eram baratos. Certo que os
fantasmas não eram gosmentos como os fantasmas de hoje, nem gostavam tanto de
dinheiro. Nem eram tão constantes. Não era assim “um fantasma por cima do
outro”, aos pulos, assombrando todo mundo comoi diz o deputado Othelino Neto.
Fantasmas existiam em casas
mal assombradas, em castelos, em navios, nas encruzilhadas, mas ninguém sabe
como nem porque mudaram de endereço. Moram agora em secretarias de estado e
montaram uma Central de Atendimento na Secretaria de Desenvolvimento Social do
Maranhão. Fantasmas costumam ser transparentes e adoram portais, pois é por
eles que atravessam de seu mundo para o nosso. Mas os fantasmas daqui não
querem nem ver o Portal da Transparência.
As assombrações de nossas
vidas eram inquietas, mas suportáveis. Bons fantasmas os daquele tempo que
mexiam nos fogões e geladeiras, mas comiam pouco. Os de hoje são gulosos, glutões
insaciáveis. Agora, quando um fantasma aparece, tudo desaparece. No município
de Raposa desapareceu uma associação de bem estar social e um povoado inteiro
de uma só vez.
Coisas do mundo subterrâneo,
da necromancia, de deidades inferiores criando dinheiro sobrenatural. E é por
conta desse dinheiro e dessas presenças assustadoras nas Secretarias de Estado
que alguém já foi escolhido para ir ao Sacrifício, única forma de fazer voltar
os espíritos ao lugar de origem.
E Joe Nickel, do Comitê para
a Investigação Cética, escreveu que não existe evidência científica crível de
que qualquer localidade foi habitada por fantasmas. Mas, naturalmente, ele
nunca esteve no Maranhão.
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