sexta-feira, 21 de junho de 2013

O minério dos mortos

JM Cunha Santos

São recorrentes os discursos de parlamentares com relação ao tratamento dado pela Companhia Vale aos 23 municípios afetados pela operação da estrada de ferro Carajás. Os deputados Hélio Soares, Eliziane Gama, dentre outros, já se pronunciaram sobre o assunto e até uma audiência pública foi realizada na Assembléia Legislativa tratou dessa questão.
Mas ontem a deputada Gardênia Castelo trouxe ao debate dados interessantes e um deles assustador. Ocorre que o Maranhão é responsável pelo embarque e escoamento de 42,5% de toda a produção de minério de ferro da Vale no Brasil e a partir de 2017 esses números saltarão para quase 60%. E não há sinais de que o povo maranhense tenha recebido alguma compensação além de festas por essa participação.
O dado aterrador é que além dos débitos socioeconômicos e ambientais, a Vale, segundo a deputada, acumula ao longo desse trecho, nada menos que 159 mortes direta ou indiretamente provocadas pela Estrada de Ferro Carajás. Para Gardênia Castelo, é a própria relação entre o pescoço e a guilhotina, na qual a Vale entra coma guilhotina e o Maranhão com o pescoço.
Somente em 2008, a Agencia Nacional de Transportes Terrestres contabilizou 2860 acidentes ao longo da Ferrovia Carajás. Em 16 comunidades com mais de 6.500 famílias, monitoradas pela Rede Justiça nos Trilhos a população sofre os impactos de pelo menos um atropelamento por mês, trepidação e rachadura nas casas, remoção de famílias, poluição sonora, danos a estradas vicinais e interdição de roças. Uma unidade de produção de carvão da Companhia Vale, no município de Açailândia, com 70 fornos está localizada ao lado de um assentamento de trabalhadores rurais.
No município de Piquiá, 5 usinas ligadas à Vale produzem 500 mil toneladas anuais de ferro gusa. Nesse povoado 41,1% da população se queixa de doenças nos pulmões e doenças de pele.

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