quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A motoqueira e o poeta

JM Cunha Santos

 
 
A 500 por hora. Mais rápida que a queda em sua  popularidade, mais perigosa que manifestação de Black Bock a favor de Eduardo Campos, mais à vontade que autoridade maranhense em cassino de Las Vegas, disparou. E, mais atrasada que a cassação de Roseana Sarney, ela precisava chegar à terra do poeta.
Como conseguira ele ficar tanto tempo no poder com popularidade tão mesquinha? Como conseguiam os governantes daquela terra sumirem com estradas, sedes de associações, banheiros públicos e até povoados; e, ainda mais, vender ingressos de futebol para ETs, ser campeões de insegurança pública, desmontar os sistemas de educação e agricultura e ainda ganhar eleições? 
Já ela, a motoqueira presidencial, nem podia deslizar no câmbio, liberar uma inflaçãozinha aqui e acolá, dar uma voltinha em avião da FAB, fazer um carinho no Sérgio Cabral que tome manifestação! “Eu não aguento mais tanta manifestação!
O primeiro lugar que conheceu foi o TCE. “Como esse pessoal daqui sabe fazer conta”, pensou. “Vou querer todos eles no TCU. Todas as contas de Roseana estão corretas e são aprovadas. Todas as contas dos prefeitos que apóiam Roseana também estão corretas e são aprovadas, mas as contas dos prefeitos da oposição todas estão irregulares. Ah, se lá fosse como aqui”.
Chegou depois ao ponto que mais lhe interessava: Pesquisas. “As coisas aqui são deveras interessantes. Quanto mais as pesquisas favorecem o adversário, maior é a chance do candidato do governo ganhar a eleição”. E se deleitava com as complexas, incríveis análises, as avaliações e explicações surrealistas da mais estranha aritmética financeira, sonhando que também podia ser assim com a eleição presidencial.
Finalmente o grande encontro. O poeta rezava: “Senhor, é quase um assunto bélico, mas, por favor,  me livra do evangélico. E se não for pedir demais, ó grande Artista, me livra também do comunista.
“Verso danado de ruim”, ela pensou. “Nem Deus agüenta”. E ele apenas disse: Tu não subiu na pesquisa, Peregrina? Se não subiu, te manda, que meu negócio é com a Marina.
Vítima de justiça poética, ela voltou para Brasília.

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