Editorial
JP, 3 de setembro
O mundo agora sabe o que aconteceu aqui. Sabe dos métodos utilizados e conhece as deformações que patrocinaram a longevidade desta incipiente “monarquia”. Registre-se, entretanto, que uma ameaça é só uma ameaça, não é um fato concreto e que as armas de longo alcance são eles que ainda as têm nas mãos.
E
antevê já o jornal “O Estado de São Paulo”, através de matéria do festejado
colunista político João Bosco Rabello, o fim do ciclo da supremacia da família
Sarney no Maranhão, assim como aconteceu já com outras famílias em outros
estados e como se tem por provável com a hegemonia do Partido dos Trabalhadores
no poder neste Brasil.
A
base desta análise são as pesquisas que colocam o candidato Flávio Dino 45
pontos à frente do candidato do governo, Luis Fernando Silva. De fato, o ciclo
que João Bosco Rabello chama de “o mais longevo feudo patrimonialista do país”
já não respira com a mesma tranqüilidade de antes. Porque lhe sobrou em
liderança majoritária apenas a governadora Roseana Sarney, esta com a com a
cabeça a prêmio no Tribunal Superior Eleitoral sob acusação de práticas nada
republicanas com os convênios que deveriam beneficiar a pobreza extrema do
Maranhão. E mesmo Roseana, na avaliação dos pesquisadores, perderia na disputa
pelo Senado com o vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha.
Democracia
ou ditadura jamais importaram ao sistema político instalado no Maranhão.
Impuseram aqui uma relação de servilismo cujo contágio atingiu inclusive as
instituições públicas. O Maranhão ganhou um rei que passou a distribuir posses
e pensões a quem lhe interessava, que se tornou senhor absoluto de todos os
cargos federais e estaduais, que fez prefeitos e outras lideranças de reféns e
expurgou sistematicamente todas as manifestações oposicionistas estabelecendo,
acima de tudo e de todos, sua monarquia fora de época.
Um
feudo, na distinta palavra do jornalista do Estado de São Paulo. Mas o ínfimo
desenvolvimento do Maranhão, os sinais inconfundíveis e até aqui irremovíveis
de pobreza extrema acabaram chamando a atenção do resto do país, da imprensa
nacional, dos intelectuais, da literatura brasileira. Não contavam que a
globalização, as novas tecnologias, a expansão dos meios de comunicação
explicassem ao povo que sua miséria tinha origem terrena e não divina. O povo
sabe agora quem são os culpados pela corrosão social do Maranhão.
Nunca,
jamais aconteceram as esperançadas mudanças sociais e o próprio João Bosco
Rabello, revisando nosso desastroso Índice de Desenvolvimento Humano, cita que
22% da população maranhense vivem com R$ 2,20 por dia. O sarneisismo fracassou
como modelo político, como modelo de progresso e desenvolvimento e naufragou
como opção moral, tantas são as denúncias da corrupção que teria pavimentado o caminho
para a manutenção indefinida do poder.
O mundo agora sabe o que aconteceu aqui. Sabe dos métodos utilizados e conhece as deformações que patrocinaram a longevidade desta incipiente “monarquia”. Registre-se, entretanto, que uma ameaça é só uma ameaça, não é um fato concreto e que as armas de longo alcance são eles que ainda as têm nas mãos.
(Dia 8 de
setembro, aniversário da cidade, JM Cunha Santos publica “São Luís em Carne
Viva”, na Fan Page “A Comunidade Rubra”).
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