terça-feira, 3 de setembro de 2013

A monarquia fora de época

Editorial JP, 3 de setembro

E antevê já o jornal “O Estado de São Paulo”, através de matéria do festejado colunista político João Bosco Rabello, o fim do ciclo da supremacia da família Sarney no Maranhão, assim como aconteceu já com outras famílias em outros estados e como se tem por provável com a hegemonia do Partido dos Trabalhadores no poder neste Brasil.
A base desta análise são as pesquisas que colocam o candidato Flávio Dino 45 pontos à frente do candidato do governo, Luis Fernando Silva. De fato, o ciclo que João Bosco Rabello chama de “o mais longevo feudo patrimonialista do país” já não respira com a mesma tranqüilidade de antes. Porque lhe sobrou em liderança majoritária apenas a governadora Roseana Sarney, esta com a com a cabeça a prêmio no Tribunal Superior Eleitoral sob acusação de práticas nada republicanas com os convênios que deveriam beneficiar a pobreza extrema do Maranhão. E mesmo Roseana, na avaliação dos pesquisadores, perderia na disputa pelo Senado com o vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha.
Democracia ou ditadura jamais importaram ao sistema político instalado no Maranhão. Impuseram aqui uma relação de servilismo cujo contágio atingiu inclusive as instituições públicas. O Maranhão ganhou um rei que passou a distribuir posses e pensões a quem lhe interessava, que se tornou senhor absoluto de todos os cargos federais e estaduais, que fez prefeitos e outras lideranças de reféns e expurgou sistematicamente todas as manifestações oposicionistas estabelecendo, acima de tudo e de todos, sua monarquia fora de época.
Um feudo, na distinta palavra do jornalista do Estado de São Paulo. Mas o ínfimo desenvolvimento do Maranhão, os sinais inconfundíveis e até aqui irremovíveis de pobreza extrema acabaram chamando a atenção do resto do país, da imprensa nacional, dos intelectuais, da literatura brasileira. Não contavam que a globalização, as novas tecnologias, a expansão dos meios de comunicação explicassem ao povo que sua miséria tinha origem terrena e não divina. O povo sabe agora quem são os culpados pela corrosão social do Maranhão.
Nunca, jamais aconteceram as esperançadas mudanças sociais e o próprio João Bosco Rabello, revisando nosso desastroso Índice de Desenvolvimento Humano, cita que 22% da população maranhense vivem com R$ 2,20 por dia. O sarneisismo fracassou como modelo político, como modelo de progresso e desenvolvimento e naufragou como opção moral, tantas são as denúncias  da corrupção que teria pavimentado o caminho para a manutenção indefinida do poder.

O mundo agora sabe o que aconteceu aqui. Sabe dos métodos utilizados e conhece as deformações que patrocinaram a longevidade desta incipiente “monarquia”. Registre-se, entretanto, que uma ameaça é só uma ameaça, não é um fato concreto e que as armas de longo alcance são eles que ainda as têm nas mãos.
(Dia 8 de setembro, aniversário da cidade, JM Cunha Santos publica “São Luís em Carne Viva”, na Fan Page “A Comunidade Rubra”).

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário