Editorial JP, 15 fevereiro de 2014
Morre mais gente de morte matada por aqui que na faixa de Gaza. Não faz
muito tempo, uma estatística colocava São Luís como a quinta cidade mais
violenta do mundo. Os dantescos episódios ocorridos no Complexo Penitenciário
de Pedrinhas vieram reforçar essa condição que nos projeta para a barbárie e
evidencia a ingerência da segurança pública.
O tema é recorrente na Assembléia Legislativa do Estado onde os
deputados Rubens Júnior, Othelino Neto e Eliziane Gama, dentre outros,
protestam e sugerem soluções para a crise no sistema penitenciário. Crise que
vira e mexe ultrapassa os umbrais do presídio e invade as ruas da capital com
assombroso nível de crueldade e perversão. Sob os holofotes do mundo, São Luís
recebeu a Comissão de Direitos Humanos do Senado, cujo relatório foi trazido ao
debate no plenário pelo líder da oposição, deputado Rubens Júnior.
O líder da oposição se espanta primeiro com uma particular influencia do
senador José Sarney, apontada pela imprensa, na Comissão de Direitos
Humanos do Senado, o que pode ter minimizado o relatório. E aposta que a visita
dos senadores foi inconclusiva. Verdade ou não, a Comissão acusou que o crime
organizado no Maranhão está sob total descontrole. O “choque” estava lá no
momento da visita, a Força Nacional, a Polícia Militar também e sob o governo
acuado pela opinião pública internacional recai a suspeita de maquiar as
unidades de detenção visitadas.
Outro relatório, este produzido pelo Ministério Público Estadual, caiu
em mãos do deputado Othelino Neto, impiedoso algoz do regime sarneisista no
Maranhão. É o relatório das ruas que mostra a curva ascendente da criminalidade
e dos homicídios na grande São Luís. Registra que em 2010 ocorreram 535 mortes
violentas; em 2011, 655; em 2012 687. Até chegarmos aos impensáveis 984
assassinatos violentos do ano de 2013. Para Othelino Neto, estes números
revelam o abandono da sociedade maranhense no que tange às políticas públicas,
em especial políticas de segurança.
São estes os relatórios do medo e comprovam o pânico vivido na cidade
nos últimos anos sob comando de chefões do crime organizado retidos na chamada
Penitenciária do Terror. Se estes, em sua maioria, estão sendo transferidos
para presídios federais, preocupa o parlamentar o número de ordens de prisão
que a Secretaria de Segurança Pública ainda não conseguiu cumprir.
De qualquer modo, a principal propriedade desses relatórios, porque
originados na preocupação esmerada das instituições públicas com o alto nível
de violência e com o flagrante desrespeito aos direitos humanos, é observar a
inapetência do poder público no Estado quando o assunto é a segurança do
cidadão.
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