JM
Cunha Santos
Já
faz algum tempo o Maranhão é uma terra sem heróis e sem ídolos. “Nossos ídolos
ainda são os mesmos e as aparências não enganam não”. Mas a sociedade
maranhense se contorceu de dor quando uma criança de seis anos foi incendiada
em praça pública por vampiros sedentos de sangue e horror.
Desse
episódio, surgiu um último herói, Márcio Rony, um jovem que arriscou queimar
70% de seu corpo na tentativa de salvar a infante que virou símbolo da barbárie
e da crueldade monstruosa dos soldados do tráfico em São Luís.
À
concessão do deputado Bira do Pindaré, Márcio Rony da Cruz receberá a maior
honraria da Assembléia Legislativa, a Medalha Manoel Beckman, também um herói
maranhense e que dá nome ao palácio do Poder Legislativo. Dois heróis, dois
momentos históricos do Maranhão; um que marcou a luta pela liberdade; outro, um
cidadão comum, sem projeção política e social, herói de um estado de
insegurança que talvez não tenha precedentes na história do país.
Márcio
Rony da Cruz, invisível pelas queimaduras em seu corpo, garante que faria tudo
de novo. Manoel Beckman, talvez não, posto que, afinal, deu tudo errado e o que
conhecemos de liberdade e desenvolvimento é tão pouco que talvez remonte aos
difíceis dias do jugo português.
A
divulgação da concessão da honraria no blog deste jornalista provocou
comentários de leitores que reivindicam para Rony, mais que uma Medalha, mesmo
sendo a que leva o nome do nosso mais reverenciado herói, uma pensão vitalícia.
Rony
merece os dois e merece mais que isso. Merece que o Estado o cure totalmente,
até que não lhe sobre no corpo uma única marca da dor terrível da violência
inominável que nos últimos anos atacou o Maranhão.
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