Editorial
JP, 16 de abril
Não
se tem notícias, hoje, de um presidenciável que se sinta à vontade para estar
no palanque de quem quer que seja o candidato de Sarney no Maranhão. Não
adianta querer mistificar, dizer que Flávio Dino está sendo antiético -
palavras de Lula segundo Edinho Lobão, porque a dura verdade é uma só: os
presidenciáveis do Brasil não querem ser filmados, nem fotografados num
palanque de Sarney.
É
pisar e ter que lidar com uma explosão de contrariedades ideológicas nas redes
sociais de todo o país. Eleitoralmente, pisar num palanque de Sarney é pisar em
votos, esmagar votos, esvaziar atos públicos, dispensar apoios, alimentar
rejeições em todo o Brasil. Afinal de contas, não houve, nos últimos anos, uma
única manifestação pública na qual Sarney não figurasse como vilão da política
brasileira.
Ninguém
consegue sequer imaginar Eduardo Campos e Marina Silva no palanque de um
candidato, ao lado de Sarney. Não vai querer Aécio Neves, disposto a desbaratar
os crimes financeiros cometidos contra a Petrobrás, ser citado por seus
adversários em Minas como cultor da política sarnolulista ou lulosarnista que
privilegia a corrupção nas estatais.
Quanto
a Dilma, pobre Dilma. Com a eleição ameaçada pelos oleodutos da corrupção,
obras superfaturadas da Copa do Mundo, desvios de verbas no programa “Minha
Casa, Minha Vida” e por uma geração que marca protestos políticos pelo celular,
ainda ser obrigada a pedir voto para candidato de Sarney, é a treva. Mesmo
ainda sendo Lula o seu grande cabo eleitoral, num palanque de Sarney a
presidente vai queimar votos e, principalmente, votos que não são do Maranhão.
Todos
os partidos que realmente importam, à exceção do PT, cujo eleitorado no
Maranhão cabe inteiro no Tribunal de Contas do Estado, estão coligados à
candidatura de Flávio Dino. E, pelo andar da carruagem, também o PPS e o PSDB
devem seguir o mesmo rumo. Em outras palavras, não é Flávio Dino que oferece
palanque a todos os presidenciáveis, são os presidenciáveis que fogem do
palanque de Sarney como o diabo foge da cruz.
E
é para o palanque de Flávio Dino que eles vão, até porque é neste palanque que
vão estar seus partidos e coligações. Imaginem só o PSDB nas ruas pedindo votos
para Flávio Dino e Aécio Neves no palanque de Sarney. Imaginem o PSB
coordenando a campanha de Flavio Dino e Eduardo Campos no palanque de Edinho
Lobão. A questão, portanto, é que Sarney hoje é uma rejeição nacional e
transfere isso para qualquer candidatura que abençoar.
Diante
da queda de Dilma nas pesquisas e da possibilidade inarredável de manifestações
públicas às portas da copa do mundo e da campanha eleitoral, candidato nenhum a
presidente vai arriscar perder parte de seu eleitorado aprovando publicamente a
política de José Sarney. São os tempos modernos. A informação percorre o mundo
em questão de segundos e em questão de segundos um candidato pode virar pó.
Para
todos os presidenciáveis, é o palanque de Flávio Dino ou é palanque nenhum.
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