Editorial
JP, 30 de maio
Não
tem como não dizer isso. O povo de São Luís começa a sentir um vácuo de
autoridade no Maranhão. É inexplicável que a vontade de dois sindicatos, um
deles patronal, em total afronta às leis e às determinações da Justiça, se
sobreponham aos direitos constitucionais e regulares de mais de um milhão de
maranhenses que residem em São Luís.
A
paralisação total da frota de ônibus da cidade, o que jamais aconteceria sem o
resguardo do Sindicato das Empresas de Transportes, durando já três dias, é um
acinte, uma agressão contra a sociedade. Esse movimento visivelmente desafia as
autoridades constituídas e se transforma, por sua natureza reivindicatória
disparatada, como um aumento abusivo de passagens e o pagamento de R$ 4 milhões
aos empresários, num movimento de coação à sociedade e de desrespeito às
instituições públicas.
A
determinação do Tribunal Regional do Trabalho, de manutenção de 70 %da frota de
ônibus nas ruas é simplesmente ignorada e as multas diárias aplicadas, somente
ao sindicato dos motoristas, o que é um erro, não surtem qualquer efeito. Em
outras cidades a força pública chegou a ser usada para liberar o transporte
coletivo e em quase todas elas as greves findaram sem acordos absurdos. O que
acontece em São Luís beira à chantagem e podem apostar que se trata também de
chantagem política pela ocorrência de um ano eleitoral.
A
sociedade não pode ficar exposta à ilegalidade dessa maneira. Principalmente se
essa ilegalidade não tem objetivos sociais e serve tão-somente aos interesses
de sindicatos e interesses particulares. São Luís está sitiada. A população foi
confinada às suas casas ou ao caminho inútil entre elas e uma parada de ônibus
mais inútil ainda.
O
comércio, a indústria, a economia do Estado estão tendo prejuízos incalculáveis
e mais de 1 milhão de habitantes estão sem acesso a qualquer serviço público.
Inclusive segurança, inclusive hospitais. O deputado Othelino Neto disse,
ontem, com todas as letras, que os empresários são os responsáveis por essa greve
de rodoviários. Vai ver, se fossem só os trabalhadores a polícia já estaria nas ruas e líderes
sindicais já estariam na prisão.
Já
é hora da Prefeitura reivindicar a força pública para manter a ordem; já é hora
do Ministério Público mover ação penal contra os responsáveis por essa baderna,
essa imoralidade; já é hora da Justiça se fazer respeitar em São Luís, por bem
ou por mal. Ou alguém está achando que isso aqui é o fim do mundo e que existem
castas privilegiadas imunes ao que determinam as leis.
Está
faltando autoridade. Por conta dessa chantagem até o “Bonde dos 40” já se sente
autorizado a fazer ameaças públicas à sociedade e cita a paralisação dos meios
de transporte.
Quem
não pode com o pote não pega na rodilha. Mandem parar isso ou desvistam suas
togas, suas fardas, seus ternos de autoridade e de representantes do povo. O
nome disse é coação moral irresistível e não greve.
Esse Maranhão virou um saco de gatos, ou melhor, um cofo de caranguejos, como dizia o octogenário senador Cafifa.
ResponderExcluir