JM
Cunha Santos
Ter
que dizer o que é preciso dizer, correndo todos os riscos e com vontade de não
ter que dizer, posto que a alma dói até o osso que não tem, é a tarefa mais
difícil para os poetas. Muito mais raramente, isso acontece também com
jornalistas. E essa é a tragédia aqui, nesse momento: a decisão de falar o que
outros não podem, não querem, talvez não devam, mas certamente não ousam dizer.
Que
o governo é o culpado pela tragédia que vitimou oito estudantes no município de
Bacuri.
Esse
é o governo mais estranho, espantoso, assombroso e estrambótico de que o
Maranhão teve notícias em muitos séculos. O que diabos faziam todos aqueles
ônibus entregues à corrosão num estado em que tantas crianças não têm como
chegar à escola?
Chamem
os matemáticos, cientistas, acordem todos os gênios do mundo, ressuscitem todos
os líderes políticos mortos; ninguém nesse planeta vai conseguir explicar.
O
nome disso não é incompetência, é insanidade. Os ônibus continuaram escondidos
depois que as crianças de Bacuri despencaram na ribanceira e perderam a vida.
Mas foram liberados logo assim que os deputados confirmaram que eles existiam.
E até a existência deles, mesmo depois de vistos e fotografados, é duvidosa. O
que diabos o governo pretendia fazer com aqueles ônibus? Vender? Usar em
campanha política? Fundar uma empresa de transporte coletivo intermunicipal de
capital misto?
Como
esse governo pretende se explicar às famílias das crianças mortas, à população
consternada do município de Bacuri.
Esse
é um governo que conforme sua própria propaganda reforma shoppings, que paga
pela abertura de estradas num povoado que nunca existiu, que participa de
golpes como o da refinaria Premium, dirão alguns.
Mas
a coisa aqui é muito estranha, é rocambolesca, é tão absurda quanto os moinhos
de vento contra os quais Dom Quixote defendia sua amada Dulcinéia Del Toboso.
Olha que muita parvoíce e sandice tem se praticado em matéria de administração
pública, mas essa é de fazer cair o queixo de um hipopótamo.
O
que diabos o governo pretendia escondendo todos aqueles ônibus?
Puramente por barganha política em véspera de eleições. Lamentável, acorda Maranhão. Estamos com FLÁVIO DINO!
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