JM
Cunha Santos
Por
mais louca, desvairada e antiética, a proposta de consulta medica por telefone foi
aprovada no Maranhão. E os telefones dos médicos não pararam mais de tocar.
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Alô, doutor, meu filho ta com barriga d’água. O que é que eu faço?
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Não faz nada, tu tem é sorte, A metade do povo do Maranhão não tem água nem pra
beber. Até na minha casa ta faltando água.
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Alô, Doutor, eu tou com uma diarréia desgraçada, o que é que eu faço?
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Toma Imosec. Três caixas por dia, de 12 em 12 horas.
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Como de 12 em 12 horas se eu tou cagando de 10 em 10 minutos? E o remédio eu sei, doutor. O problema é que
roubaram a grana que era para construir banheiros, não tem banheiro no
Maranhão. Onde é que eu vou cagar?
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Alô, Doutor, eu acho que tou com o vírus Ebola. O que é que eu faço?
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Se É Bola não é problema meu, consulta o técnico da seleção brasileira.
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Alô, Doutor, minha filha ta cheio de corubas. Me ensinaram pra passar manteiga,
como se passa em queimadura. Será que funciona?
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Pode até não funcionar, mas que ela fica gostosa fica.
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Alô, Doutor, meu filho cortou o dedo, Será que se botar café o sangramento
pára?
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Pára. Desde que não seja Café Expresso.
E,
assim, a vida dos médicos maranhenses se tornou um verdadeiro inferno. Os
telefones não paravam mais de tocar, não tinham mais tempo para nada, era uma
agonia. Como a coisa era no Maranhão, também os doutores em psicologia,
psiquiatria e outras doenças do comportamento perderam a paz. Até que um dia o
próprio autor da idéia ligou para um Psiquiatra.
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Alô, Doutor, o Ministério Público ta me processando de novo. Por falsidade
ideológica, fraude e formação de quadrilha. Isso é doença, doutor? Qual é o
remédio bom?
Não,
Não é doença, é falta de vergonha na cara. E o único remédio pra isso é a
cadeia.
E
foi assim que acabou a consulta médica por telefone no Maranhão.
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