sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Youssef, o dedo-duro

Editorial JP, 15 de agosto

A história de Alberto Youssef está tão colada aos maiores escândalos de corrupção deste país, que se torna imponderável o nível de influência que ganhou no Maranhão. Youssef não é um homem qualquer. É um ladrão fino, o verdadeiro “ladrão de casaca” dos memoráveis contos da literatura francesa, no estilo de Rocambole, de Ponsun Du Terrail ou de Arsène Lupin.

Mas é um homem exageradamente conhecido nos bueiros das contas públicas, que ganhou a confiança da classe política aos 30 anos de idade, em 1990, fazendo remessas ilegais de dólares para o exterior. Era ele o cabeça do formidável esquema do Banestado que transferiu do Brasil para o exterior 30 bilhões de dólares e movimentou contas secretas de gente tão importante na crônica da corrupção quanto o infalível Paulo Maluf.

Seu nome ultrapassou os umbrais da corrupção localizada no Estado do Paraná há muito tempo. Era ele uma das figuras de proa acusadas pela CPI dos Correios e Telégrafos, outro formidável nicho de corrupção que enojou o país. Foi também acusado de ser o verdadeiro dono de uma das empresas envolvidas com o Mensalão.

Quando foi preso em São Luís, Alberto Youssef estava envolvido no desvio de R$ 10 bilhões, um escândalo que, dentre outras coisas, colocou o Ministério de Minas e Energias sob vigilância do TCU e culminou com a prisão do diretor de Abastecimento da Petrobrás, seu sócio Paulo Roberto Costa. Entre esse homem e os 120 milhões a serem pagos à Constran; entre esse homem e uma propina de R$ 6 milhões contratada para comprar funcionários do alto escalão do governo do Estado, há um verdadeiro fosso, um enorme viaduto que ainda pode esconder outros crimes.

Sabe-se agora que há uma verdadeira situação de pânico nos corredores do Palácio dos Leões porque Youssef, assim como quase todos os doleiros apanhados em flagrante neste país, costuma escapar da prisão através de acordos de delação premiada, ou seja, dedurando, sem nenhuma piedade seus ocasionais clientes.

Com essa fama toda, com esse lastro de crimes de formação de quadrilha, evasão de divisas, remessa ilegal de dólares nas costas, citado em várias em CPIs do Congresso Nacional, fica impensável achar que Alberto Youssef fosse um desconhecido para as pessoas com quem intermediou o pagamento do precatório da Constran. O mais provável é que quem negociou sabia que estava negociando com uma espécie de Bandido da Luz Vermelha do crime de colarinho branco.

Youssef é um nome encardido na memória da corrupção. Para escapar da prisão no caso Banestado denunciou os proprietários de pelo menos 5 casas de câmbio do país. Não é só um bandido, É também um apavorante dedo-duro, e agora com negócios no Maranhão.

Um comentário:

  1. Poeta Cunha, agora é Rosegrana nas mãos e no dedos do Youssef e a Rousseff lavando as mãos.

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