JM
Cunha Santos
Sem
traumas filosóficos, a pergunta me parecer ser de uma coerência irresistível. O
Brasil, particularmente, atravessou a História navegando entre períodos de exceção
e sonhos de liberdade. Todavia, o Brasil não realizou as reformas exigidas pelo
povo em praça pública, não pôs fim à corrupção nem acabou com a impunidade. E o
Partido dos Trabalhadores ganhou nas urnas o direito de gerenciar um quarto
mandato depois da eleição mais disputada do país.
Agora
o povo brasileiro espera ter como desfechos dessa aventura da civilidade e da
democracia a reforma política, a reforma tributária, o fim da corrupção e da
impunidade. Dirão alguns que a força dos programas sociais, como o Bolsa
Família, venceu, afinal, a disposição da classe média de mudar o eixo do poder
para que se fortalecessem os princípios da Justiça e da honestidade. Arriscarão,
outros, que o resultado das eleições mostrou um país dividido. Mas, a meu modo
de ver não é bem assim. Dilma Roussef ganhou o direito de governar o país mais
uma vez e o povo brasileiro de exigir que se mudem as práticas políticas para
que não corra mais riscos a democracia do Brasil.
Por
isso a pergunta que dá título a esse texto, mesmo com ares de absurdo, soa tão
coerente nos ouvidos daqueles que guardam dentro de si um projeto de Nação. Um
novo Congresso, novas Assembleias ouviram a voz das ruas e a voz das urnas.
Dilma é a líder inconteste desse novo momento e logo no discurso de
agradecimento repetiu as promessas de fazer o possível para realizar, em
coalizão com os demais poderes, as reformas que o povo brasileiro espera, de
por fim à impunidade e ser intransigente com a corrupção.
Mais
que votos, foram apuradas as esperanças e incertezas de quase 200 milhões de
brasileiros. Mais que uma decisão sobre os destinos do Brasil, o bom observador
verá, no resultado do pleito de 2014, sinais da resistência pacífica em boa
hora preconizada por Mahatma Ghandi. Este povo deixou claro que não quis a
vitória de um ou de outro partido político; quis e quer a vitória dele mesmo.
Para
que não pareça tanto um ato de irresponsabilidade governar o país, que se
cumpram, pois, as prioridades que o país exige; que se ponha fim aos
financiamentos subterrâneos, às improbidades que tumultuam a governabilidade
até que se reconquiste a confiança dos governados nos governantes e dos
governantes nos governados.
Só
a honestidade de propósitos e o respeito às instituições públicas podem impedir
que o aparentemente tresloucado filósofo popular que encontrei nas ruas
continue se fazendo a mesma pergunta, em nome do Brasil: Como alguém pode ser
tão irresponsável a ponto de ser presidente de um país?
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