Editorial
JP, 2 de outubro
Mais
ônibus foram incendiados, ontem, em plena luz do dia, em São Luís. A impressão que se tem é de que
alguém teve a idéia de re-convocar facções criminosas ou pagar vândalos para
aterrorizar o eleitor nestes quatro dias que antecedem as eleições. E o
objetivo só pode ser um: que esse terror afaste a população das ruas provocando
a mais monumental evasão eleitoral da história de São Luís.
Já
é hora das Polícias Civil, Militar e Federal e da Justiça se perguntarem quem
tem interesse em manter a grande maioria do eleitorado em casa até a próxima
segunda-feira, quem são os interessados em provocar uma grande abstenção no
Estado, quem, tresloucadamente, é capaz de tudo; não para forçar um segundo turno, a essa altura do campeonato
praticamente impossível, mas para diminuir o vexame.
Os
sindicatos já ameaçam o recolhimento imediato dos transportes coletivos da
capital. E a quem serve isso?
A
pista principal é a campanha suja, a campanha dos que nesse tempo todo se
mantiveram bem abaixo de todas as baixarias. Assistimos de tudo, inclusive o
ex-juiz federal Flávio Dino ser apresentado num programa eleitoral como sendo
“um perigo para a sociedade”. Assistimos um canal de televisão, desrespeitando
decisão judicial, veicular insistentemente um vídeo apócrifo cujo principal
entrevistado é um reconhecido membro de uma facção criminosa. Vimos uma moça,
Kátia Maranhão, destilar ódio no programa eleitoral gratuito como se fora uma
fera ensandecida.
O
Maranhão jamais assistiu a tão grave caso de desrespeito a um povo que não está
obrigado a pagar impostos para suportar esse mau cheiro de fezes com sangue em
frente à sua televisão, nas salas de suas casas. É uma barbárie cívica
inominável, o espatifar de todas as nossas tradições de cultura e civilidade.
E, agora, os que atacavam a sociedade durante a noite estão fazendo isso à luz
do dia, como se aqui não existisse Justiça, não existisse Polícia, como se completamente
inúteis fossem as instituições públicas.
É
impossível que não exista força pública no Maranhão capaz de conter o pânico, o
ódio, o “estado de guerra” que emerge dessa campanha política de desespero. É
impossível continuar entregues ao desvario dos que aqui, qual membros de um
Estado Islâmico, se sentem “eleitos de Deus”, nunca para o bem, sempre para o
mal.
Não
podemos mais acreditar que o Maranhão esteja sendo governado de dentro de uma
Penitenciária. Porque o cheiro do mal é onipresente, está no ar, nas praças,
está nos olhos apavorados da população, nas palavras não ditas, nos protestos
contidos, no medo na porta da boca, como se de repente essa terra se
transmutasse em sucursal do inferno e não fosse mais o Maranhão.
Larga cachaça e vem trabalhar, essa porra ainda vai ti matar.
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