Chico de Gois, de O Globo
BRASÍLIA - O senador José Sarney (PMDB-AP), sempre elogiado pela
presidente Dilma Rousseff e por seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva,
teria votado em Aécio Neves (PSDB) neste segundo turno, na disputa presidencial
mais disputada da história. Imagens que seriam de uma reportagem da TV Amapá
exibida no domingo à tarde que retratam o senador votando em Macapá, onde tem
seu domicílio eleitoral, flagraram o momento em que Sarney digita suas escolhas
na urna eletrônica.
Militantes amapaenses aproximaram a imagem e passaram a divulgá-la. Na
hora do último voto, o presidencial, é possível ver que o senador teria
apertado o número 45 - de Aécio. A assessoria de imprensa do senador, no
entanto, afirmou que o vídeo não é verdadeiro.
As imagens foram exibidas por volta das 16h na TV Amapá, afiliada da
Rede Globo, durante um intervalo comercial. É comum as emissoras de TV de todo
o país registrarem o voto de celebridades ou políticos de expressão regional ou
nacional, embora respeitem o sigilo constitucional do voto. Sarney aparece
trajando um blazer claro, com os adesivos de Dilma e de Waldez Goes (PDT), seu
candidato a governador que acabou vencendo o pleito no Amapá, derrotando Camilo
Capiberibe (PSB), que concorria à reeleição.
A assessoria de imprensa de Sarney afirmou que o vídeo faz parte
"do jogo sujo" da disputa política no Amapá.
— Não é verdadeiro — afirmou o assessor Vinícius Dória.
De acordo com ele, os fatos políticos e a defesa que Sarney faz do
governo Dilma seriam provas de que ele não teria votado em Aécio. Dória lembrou
que no Maranhão a petista obteve sua maior votação.
As imagens exibidas na TV geraram um debate nas redes sociais do Amapá,
onde muitos eleitores condenaram a atitude de Sarney, que, publicamente, sempre
defendeu os governos de Lula e de Dilma. Nesta quarta-feira, o senador publicou
um artigo na Folha de S. Paulo, intitulado "O futuro presente", em
que faz uma análise do resultado das eleições deste ano. Sarney defende a
reforma política, assim como fez Dilma em seu pronunciamento depois de
configurada sua vitória, no domingo.
"O sistema político terá que ser reformado ou recriado e será a
tônica do novo mandato. A presidente Dilma terá que ter a coragem e enfrentar o
problema. Não será fácil. Enfrentará resistências de aliados e contrários. Mas
está preparada para isso. Basta ver a garra e a força com que lutou e atravessou
períodos de extrema dificuldade. A sua eleição foi obra de Lula. Sua vitória,
`droit de conquête` (direito de conquista, em francês)", escreveu ele.
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