Em
mais de 30 anos de profissão, Antônio Kakay – cujo valor dos honorários nunca
fica abaixo dos seis dígitos – exibe em seu portfólio a defesa de dois
ex-presidentes da República, 40 governadores, dezenas de parlamentares e uma
penca de ministros.
Oswaldo
Viviani – Jornal Pequeno
Antonio Carlos Castro, Kakay, defendeu Duda Mendonça e Zilmar Fernandes Silveira no julgamento do Mensalão em 2012 (Carlos Humberto/SCO/STF/VEJA) |
O
depoimento da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, prestado em 23 de
novembro à Polícia Federal do Paraná, que vazou para a imprensa na terça-feira
(27), deixou, como se previa, a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) – que
curte férias na Flórida (EUA) – em apuros.
No
depoimento, Youssef confirmou o que sua contadora, Meire Poza e o diretor de
Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, já haviam dito à Policia
Federal: que o governo Roseana Sarney, por meio do Chefe da Casa Civil, João
Guilherme Abreu, recebeu propina para fazer um precatório de 113 milhões da
UTCConstran “furar a fila” e começar a ser pago antes do tempo previsto.
Com
a Operação Lava Jato da Polícia Federal já batendo à sua porta, Roseana Sarney
não perdeu tempo e contratou Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, de 57
anos, conhecido como advogado das estrelas ou “protetor dos poderosos”.
Kakay
já faz reuniões diárias com seus auxiliares, trabalhando na defesa de Roseana,
conforme divulgou o jornalista Lauro Jardim em sua coluna da revista Veja.
Em
mais de 30 anos de profissão, Kakay exibe em seu portfólio a defesa de dois
ex-presidentes da República ( José Sarney – a quem declarou “amar” – e Itamar
Franco, quarenta governadores (em períodos diversos) dezenas de parlamentares e
uma penca de ministros (no governo Fernando Henrique Cardoso foram treze; no de
Luiz Inácio Lula da Silva, três; no de Dilma, dois.
Agora
Kakay – cujo valor dos honorários nunca fica abaixo dos seis dígitos (milhões)
defende Roseana Sarney no caso da UTC-Constran.
Não
será tarefa fácil! Segundo a Folha de São Paulo, o doleiro Alberto Youssef
afirmou em delação à Polícia Federal que ele próprio efetuou pagamento de
propina a um integrante do alto escalão do governo Roseana Sarney no Maranhão
em nome da UTC no dia de sua prisão (17 de março de 2014).
Youssef
foi preso no Hotel Luzeiros, na Ponta do Farol, em São Luís, durante as
investigações da Operação Lava Jato, revela a Folha.
Segundo
Youssef, a entrega do dinheiro ocorreu momentos antews da prisão. Ao perceber
que seria preso – após retornar uma ligação que descobriu ser de policiais
federais do Paraná – ele teria levado R$ 1,4 milhão ao quarto de um emissário
do então chefe da Casa Civil de Roseana Sarney. Depois disso, retornou ao
quarto e ficou esperando a polícia chegar, de acordo com relato da Polícia
Federal.
O
emissário de Abreu seria Marcos Ziegert, o Marcão que teria apresentado Youssef
a João Abreu.
Além
do dinheiro, Marcão teria levado também uma caixa de vinhos como presente ao
então secretário.
Em
resposta enviada a jornais que publicaram o teor do depoimento de Youssef, João
Abreu diz que “é mentirosa a afirmação feita por AlbertoYoussef de que me teria
entregue dinheiro pessoalmente ou por intermédio de “emissários, pois tais
fatos jamais ocorreram”.
Abreu
afirmou, ainda,que “as afirmações mentirosas feitas por Alberto Youssef
envolvendo meu nome constituem crime e ele por ele responderá na forma da lei”.
O
juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato, autorizou o
compartilhamento do depoimento de Youssef e outras provas sobre o precatório
com o atual governo do Maranhão.
O
CASO – Segundo descreve a Folha de São Paulo, o caso do precatório da
UTCCONSTRAN veio à tona no ano passado, após a contadora de Youssef, Meiri
Poza, ter revelado a propina em depoimento na Policia Federal.
Segundo
Poza, o governo do Maranhão recebeu R$ 6 milhões para furar a fila de pagamento
dos precatórios e antecipar um pagamento de R$ 113 milhões para a empreiteira
UTCCONSTRAN.
“Furar
fila de precatório caracteriza em tese crime de responsabilidade, um dos motivos
que podem levar ao impeachment de governador. Roseana Sarney já anunciou que
abandonará a vida política.
Youssef
estava em São Luís cuidando desse negócio quando foi preso pela Polícia Federal
na Operação Lava Jato. O doleiro afirma ter recebido R$ 4 milhões pela
operação. Ainda segundo Youssef, Abreu recebeu, além ds 1,4 milhão, outras duas
parcelas de R$ 800 mil por meio de emissários (Adarico Negromonte e Rafael
Ângulo Lopez).
A
Constran teria orientado o doleiro para receber o precatório porque não
conseguia receber do governo pela pavimentação de estrada que executara no ano
de 1980.
A
Justiça do Maranhão suspendeu o pagamento do precatório.
O
governo do Maranhão disse em nota, à época, que “não houve favorecimento no
julgamento da ação de indenização proposta pela Constran há mais de 25 anos.
“Foi realizado acordo judicial com acompanhamento do Ministério Público para
negociação dessa ação, que trouxe uma economia de R$ 28,9 milhões aos cofres
públicos”.
A
Constran negou ter rompido a ordem cronológica.
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