quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Roseana contrata espécie de “Advogado do Diabo” para se defender da Lava Jato

Em mais de 30 anos de profissão, Antônio Kakay – cujo valor dos honorários nunca fica abaixo dos seis dígitos – exibe em seu portfólio a defesa de dois ex-presidentes da República, 40 governadores, dezenas de parlamentares e uma penca de ministros.

Oswaldo Viviani – Jornal Pequeno

Antonio Carlos Castro, Kakay, defendeu Duda Mendonça e Zilmar
Fernandes Silveira no
 julgamento do Mensalão em 2012 
(Carlos Humberto/SCO/STF/VEJA)
O depoimento da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, prestado em 23 de novembro à Polícia Federal do Paraná, que vazou para a imprensa na terça-feira (27), deixou, como se previa, a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) – que curte férias na Flórida (EUA) – em apuros.
No depoimento, Youssef confirmou o que sua contadora, Meire Poza e o diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, já haviam dito à Policia Federal: que o governo Roseana Sarney, por meio do Chefe da Casa Civil, João Guilherme Abreu, recebeu propina para fazer um precatório de 113 milhões da UTCConstran “furar a fila” e começar a ser pago antes do tempo previsto.
Com a Operação Lava Jato da Polícia Federal já batendo à sua porta, Roseana Sarney não perdeu tempo e contratou Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, de 57 anos, conhecido como advogado das estrelas ou “protetor dos poderosos”.
Kakay já faz reuniões diárias com seus auxiliares, trabalhando na defesa de Roseana, conforme divulgou o jornalista Lauro Jardim em sua coluna da revista Veja.
Em mais de 30 anos de profissão, Kakay exibe em seu portfólio a defesa de dois ex-presidentes da República ( José Sarney – a quem declarou “amar” – e Itamar Franco, quarenta governadores (em períodos diversos) dezenas de parlamentares e uma penca de ministros (no governo Fernando Henrique Cardoso foram treze; no de Luiz Inácio Lula da Silva, três; no de Dilma, dois.
Agora Kakay – cujo valor dos honorários nunca fica abaixo dos seis dígitos (milhões) defende Roseana Sarney no caso da UTC-Constran.
Não será tarefa fácil! Segundo a Folha de São Paulo, o doleiro Alberto Youssef afirmou em delação à Polícia Federal que ele próprio efetuou pagamento de propina a um integrante do alto escalão do governo Roseana Sarney no Maranhão em nome da UTC no dia de sua prisão (17 de março de 2014).
Youssef foi preso no Hotel Luzeiros, na Ponta do Farol, em São Luís, durante as investigações da Operação Lava Jato, revela a Folha.
Segundo Youssef, a entrega do dinheiro ocorreu momentos antews da prisão. Ao perceber que seria preso – após retornar uma ligação que descobriu ser de policiais federais do Paraná – ele teria levado R$ 1,4 milhão ao quarto de um emissário do então chefe da Casa Civil de Roseana Sarney. Depois disso, retornou ao quarto e ficou esperando a polícia chegar, de acordo com relato da Polícia Federal.
O emissário de Abreu seria Marcos Ziegert, o Marcão que teria apresentado Youssef a João Abreu.
Além do dinheiro, Marcão teria levado também uma caixa de vinhos como presente ao então secretário.
Em resposta enviada a jornais que publicaram o teor do depoimento de Youssef, João Abreu diz que “é mentirosa a afirmação feita por AlbertoYoussef de que me teria entregue dinheiro pessoalmente ou por intermédio de “emissários, pois tais fatos jamais ocorreram”.
Abreu afirmou, ainda,que “as afirmações mentirosas feitas por Alberto Youssef envolvendo meu nome constituem crime e ele por ele responderá na forma da lei”.
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato, autorizou o compartilhamento do depoimento de Youssef e outras provas sobre o precatório com o atual governo do Maranhão.
O CASO – Segundo descreve a Folha de São Paulo, o caso do precatório da UTCCONSTRAN veio à tona no ano passado, após a contadora de Youssef, Meiri Poza, ter revelado a propina em depoimento na Policia Federal.
Segundo Poza, o governo do Maranhão recebeu R$ 6 milhões para furar a fila de pagamento dos precatórios e antecipar um pagamento de R$ 113 milhões para a empreiteira UTCCONSTRAN.
“Furar fila de precatório caracteriza em tese crime de responsabilidade, um dos motivos que podem levar ao impeachment de governador. Roseana Sarney já anunciou que abandonará a vida política.
Youssef estava em São Luís cuidando desse negócio quando foi preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. O doleiro afirma ter recebido R$ 4 milhões pela operação. Ainda segundo Youssef, Abreu recebeu, além ds 1,4 milhão, outras duas parcelas de R$ 800 mil por meio de emissários (Adarico Negromonte e Rafael Ângulo Lopez).
A Constran teria orientado o doleiro para receber o precatório porque não conseguia receber do governo pela pavimentação de estrada que executara no ano de 1980.
A Justiça do Maranhão suspendeu o pagamento do precatório.
O governo do Maranhão disse em nota, à época, que “não houve favorecimento no julgamento da ação de indenização proposta pela Constran há mais de 25 anos. “Foi realizado acordo judicial com acompanhamento do Ministério Público para negociação dessa ação, que trouxe uma economia de R$ 28,9 milhões aos cofres públicos”.

A Constran negou ter rompido a ordem cronológica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário