O ministro da Educação, Mendonça Filho, disse que o
governo pretende aprovar, ainda este ano, a Reforma do Ensino Médio, nem que
seja necessário editar uma medida provisória. A reformulação do currículo e
estrutura da parte final do ensino básico está em discussão no Congresso
Nacional. “Vamos aprovar neste ano, com certeza”, enfatizou o ministro, na
abertura do seminário Caminhos para a qualidade da educação pública:
impactos e evidências, que acontece em São Paulo, no teatro do Instituto
Tomie Ohtake.
O ministro, no entanto, prevê dificuldades em votar
a proposta, uma vez que a prioridade do parlamento nos próximos meses deve ser
as medidas relacionadas à economia. “Nós temos receio de que no bojo, no
momento em que se discutem medidas tão significativas no campo econômico, a
gente venha a secundarizar um tema tão relevante quanto à reforma do ensino
médio”, disse.
“Se nós percebermos que a Reforma do Ensino Médio
não poderá sair até o final do ano via projeto de lei, mesmo com urgência, nós
vamos partir para a medida provisória”, adiantou o ministro que disse ter
discutido o assunto com o presidente Michel Temer.
Segundo Mendonça, o ministério já enviou uma série
de contribuições ao projeto substitutivo que está sendo elaborado pelo deputado
Wilson Filho (PTB-PB) a partir do texto inicial do deputado Reginaldo Lopes
(PT-MG).
Enxugamento e Flexibilidade
O enxugamento do currículo e a flexibilidade na
escolha das disciplinas foram alguns dos pontos destacados por Mendonça ao
falar sobre as alterações propostas para o ensino médio. “[É importante] ter
mais flexibilidade para que o jovem no ensino médio comece a decidir a própria
trajetória. Não faz sentido que o jovem que quer ingressar em um curso ligado à
área de humanas tenha a mesma base curricular daquele jovem que vai para as
ciências exatas”, ressaltou. O ministro também considerou alto o número de 13
matérias obrigatórias que compõem a grade curricular atualmente.
Ampliar a integração entre o ensino convencional e a
rede técnica é outro ponto defendido por Mendonça. “A grande maioria das redes
da educação média são absolutamente separadas da educação técnica. Nós temos
que aproximar mais para oferecer também essa oportunidade para os jovens”,
disse ao mencionar como bons exemplos a rede Paula Souza, de São Paulo, e os
Institutos Federais.
Para o ministro, também são necessárias adaptações
no modo de ensinar. Mendonça atribuiu os elevados índices de evasão escolar, em
parte, à falta de interesse dos jovens na escola. “São 1,7 milhão de jovens que
nem trabalham, nem estudam”, destacou. “A grande maioria das redes da educação
média são absolutamente separadas da educação técnica. Nós temos que aproximar
mais para oferecer também essa oportunidade para os jovens”, acrescentou.
Orçamento
Durante a explanação no auditório do seminário,
Mendonça foi interrompido por gritos vindos do público, em manifestação contra
cortes no orçamento destinado à educação. O ministro negou que haja redução de
recursos destinados à área. “Não houve redução do orçamento do Ministério da
Educação, ao contrário do que foi dito e propagado”, enfatizou após atribuir as
informações a “mentiras” propagadas nas redes sociais. “A gente tem para 2017
um orçamento que é maior do que o para 2016 em 7%”, complementou. (Agência Brasil)
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