JM Cunha Santos
Pois é. Faltou peixe no Sermão do
“Fantástico”. Estranhamente, a matéria produzida no quadro eletrônico “Cadê o
Dinheiro que Estava Aqui” não citou o ex-secretário de Saúde, Ricardo Murad,
nem o ICN, nem o Bem Viver ou os donos desses institutos, apontados pela
Polícia Federal como principais agentes no desvio de 1,2 bilhão da saúde
pública do Estado do Maranhão e presos na Operação Sermão aos Peixes. E ainda
por cima não registrou que o rombo ocorreu entre os anos de 2010 e 2013, posto
que a Operação Sermão aos Peixes não alcançou a contabilidade do ano de 2014.
Em outras palavras, o repórter foi tão secreto que escondeu os nomes dos
acusados do crime pela Controladoria Geral da União e pela Polícia Federal.
O relatório de inteligência no qual a
Polícia Federal se baseou para deflagrar a Operação “Sermão aos Peixes”, em
novembro de 2015, comprovava movimentações financeiras atípicas dos institutos
ICN e Bem Viver. O Idac, se já fazia parte do esquema fraudulento, nem sequer
foi citado nesse relatório.
O delegado de Polícia Federal Sandro
Jansen, durante entrevista sobre a Operação “Sermão aos Peixes”, no mesmo mês
de novembro de 2015, responsabilizou Ricardo Murad pelo desvio de R$ 1,2 bilhão
e declarou que os dois institutos – ICN e Bem Viver - recebiam recursos do
Fundo Estadual de Saúde diretamente, não havia qualquer controle da Secretaria.
Contratavam quem queriam, empresas de seus interesses, pessoas que prestavam
serviços, médicos, engenheiros etc. Funcionavam, na verdade, como duas empresas
sofisticadas e organizadas para lucrar burlando os mecanismos de controle de
gastos, engolindo sobretaxas e superfaturando compras de insumos e
equipamentos.
E foi tal o volume de recursos
destinados à saúde, R$ 2 bilhões, repassados pelo Governo Federal, que o
superintendente da Polícia Federal no Maranhão, Alexandre Saraiva, chegou a
dizer que o estado poderia ter à época uma saúde de primeiro mundo. Mas 60 % de
todo esse dinheiro sumiu no ar durante o governo Roseana Sarney, por obra e
graça desses institutos e de uma organização criminosa que, segundo a Polícia
Federal, era chefiada pelo então secretário da Saúde, Ricardo Murad.
Em nenhum momento, no entanto, a
reportagem do Fantástico se referiu à condução coercitiva de Ricardo Murad, às
prisões ocorridas durante a operação, ao bloqueio de bens e recursos pessoais e
dos institutos ou às conclusões da Polícia Federal. No mínimo, um péssimo
exemplo de jornalismo.
Terceirização
Ontem, o governador Flávio Dino usou as
redes sociais para dizer que “Não fomos nós que implantamos esse modelo de
terceirização na Saúde. Já encontramos e estamos fazendo mudanças possíveis passo
a passo”. E explicou que eliminar de uma vez só a terceirização para entidades
privadas iria parar o sistema de saúde e gerar 10.000 desempregados.
Acrescentou, ainda, que em 2 anos e meio de governo ninguém jamais acusou
qualquer dirigente da Secretaria da Saúde de ser desonesto o que, disse, é
prova da idoneidade deles.
Imagina o rombo de Flávio Dino.
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