Por:
Joilson S. Aguiar, Filósofo e Graduando de Psicologia.
O
homem ao tomar consciência de sua condição humana entra em um estado epiléptico
de conflitos de ordem existencial, estado este que se dá por constatar que é um
ser constituído de não sentido. Não que seja um ser sem significados. A cultura
e a moral cristã sempre se encarregaram desta tarefa árdua de produzir
significados para tornar a vida mais saborosa e mais agradável e possibilitar
que o homem tenha condições de suportar seu mal- estar eterno.
Diria
que esse século é o século que se pós a interrogar todos esses construtos
teóricos construídos a longo da história do homem. Melhor dizendo é o século da
“transvaloração de todos os valores”. Vivemos uma época de declínio da “autoridade
paterna”, da moral, dos valores, da ética e das leis estabelecidas.
Fomos
jogados ao mundo e não temos garantia alguma de ser algo ou alguma coisa ou de
nos tornamos o que queremos ser, ao nos tornamos sujeitos. Por meio da
linguagem nossa própria língua se torna estranha aos nossos sentidos
sensoriais. A sociedade a contaminou com a ideia utópica de mundo ideal e essa
é a inversão mais danosa da vida humana, uma higienização grotesca para dar
conta do sofrer humano.
O
homem insistentemente vive a desejar, goza ao obter satisfações ilusórias, continua
a desejar mais e mais em um fluxo inesgotável de insatisfação e frustração sem
de fato alcançar o objeto perdido.
Segundo o Psiquiatra e Psicanalista Antonio Quinet, o objeto da satisfação
primária é perdido e o sujeito passa toda sua vida buscando reencontra- lo.
Esse objeto é a causa do sujeito: e o objeto que causa seu desejo, mas também
sua angústia e seus sintomas. Freud diz que esse objeto pode ser reencontrado,
mas ao ser reencontrado já é logo perdido, se esvai, escorrega por entre os
dedos, por entre as palavras.
A
fé medieval retorna como a aurora dos novos tempos, como os ventos do norte
para os figos maduros, mas os ventos do norte não movem moinhos e o que resta
aos homens são somente gemidos inexprimíveis, advindos de sintomas os quais
recusam por se responsabilizar. É claro que a fé religiosa é importante sem ela
não mais existiria a humanidade, pois seriamos todos contra todos, mas não é o
antídoto para a dor de existir deste sujeito pós-moderno que manca.
O
homem pós-moderno é um homem medicado, um homem sintomático e narcotizado por
substâncias que momentaneamente lhe proporcionam instantes felizes. Esse
sujeito, que ao mesmo tempo em que sofre goza com seus sintomas, o que parece é
que ele encontrou uma solução viável para seu problema. Mero engano. As
medicações não mudam as significações das subjetivações humanas. O que se pode
constatar é que esse sujeito se encontra desprovido de emoções autênticas, até
mesmo os infantes são sedados e impossibilitados de se expressarem por meio da
linguagem em nosso tempo. O diagnóstico desta sociedade é trágico: uma
sociedade deprimida, angustiada que não consegue haver-se consigo mesma, com
sua condição de existir no mundo que é constituído de faltas. Numa era em que o
homem é acometido pelas mais diversas “doenças” do psiquismo, mais trágico
ainda é o prognóstico para as futuras gerações. O que será então?
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