JM
Cunha Santos
O
alto nível de corrupção no país irritou o povo brasileiro e, pelo voto, pelo
voto, senhores, a extrema-direita chegou ao poder no Brasil. O discurso do
presidente eleito, Jair Bolsonaro, destoa de tudo o que foi sua pregação
durante a campanha e do comportamento por ele adotado, inclusive diante das
câmeras. “Faço de vocês minhas testemunhas de que esse governo será um defensor
da Constituição, da democracia e da liberdade”, disse. Em seguida, o presidente
eleito exalta a liberdade de empreender, liberdade política e religiosa,
liberdade de informar e ter opinião.
Mas
é preciso bem mais que um discurso, é preciso “um ver para crer”, até que
possamos aceitar como verdadeiras as promessas agora de um presidente eleito
que, enquanto candidato, semeou sentimentos de ódio e intolerância pelo país
afora e que venceu a eleição praticamente de arma em punho, prometendo banir o
ativismo político, ameaçando os movimentos sociais e colocando acima de todos
os direitos o direito à propriedade.
Esse
discurso, se alcançou a maioria decepcionada e indignada dos brasileiros,
também estimulou a ação de grupos neonazistas, a xenofobia, o racismo, constrangeu
e acuou as instituições públicas e soou como uma ameaça subliminar à paz e à
democracia. Os dois Bolsonaros, o que de arma em punho prometia varrer do país
a “petralhada” e o que, após eleito, fala em garantia das liberdades
constitucionais e cujos adeptos falam em fechar o Supremo Tribunal Federal,
soam falsos. O destino do Brasil, portanto, continuará incerto e não sabido até
que se possa ter alguma certeza sobre o rumo que, depois desta eleição, tomará
o Brasil.
Ele
diz, agora, que não existem brasileiros do sul e do norte, que somos todos um
país, somos todos uma só Nação. Não foi isso que ouvi, não foi isso o que sentimos
durante os meses de campanha da boca de seus capitães eleitorais.
É
evidente que precisamos respeitar o resultado da eleição. Assim é a democracia,
é assim que funciona a liberdade de vontade e de escolha. Mais que o PT é o
próprio poder civil que está pagando por seus erros, incluídos aí a maioria dos
partidos políticos que se aventuraram em infames negociatas com recursos
públicos. Mas nenhum crime supera a vontade ditatorial, autoritária e tirânica
de querer controlar a tudo e a todos à ponta de fuzil.
A
liberdade de expressão e de pensamento é, de fato, o maior bem e a maior
conquista das civilizações. E, só a título de ilustração, muitos cantos, como
os de Geraldo Vandré, Chico Buarque de Holanda e Caetano Veloso, foram
interrompidos durante regimes de exceção. Fora do amor, não há salvação para a
humanidade. O ódio e a intolerância somente alimentam a miséria e a crueldade.
E é também por isso que acordamos, hoje, profundamente preocupados com o
destino do Brasil.
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