segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Entre saraus e cantatas, a revitalização do Centro Histórico devolve a poesia às ruas de São Luís

JM Cunha Santos


Bem poucas vezes assisti uma parceria administrativa resultar-se em tão alentador fenômeno de cultura e erudição, como ora acontece com a revitalização do Centro Histórico, protagonizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a Prefeitura Municipal de São Luís, nas pessoas de Kátia Bogéa, presidente do IPHAN; Maurício Itapary superintendente do mesmo Instituto, do prefeito Edivaldo Holanda Júnior e primeira dama, Camila Holanda.
A poesia volta às ruas da cidade, às bocas dos cidadãos, através de seus cantores, compositores, cantadores, dançarinos, atores e atrizes, poetas, em espaços que amargavam uma histórica e singular situação de abandono que feria nossas tradições e senilizava a diversidade cultural do Estado.


Não se trata apenas de reestruturar as margens do maior acervo arquitetônico colonial do país, não é apenas um presente de Natal que dignifica a historicidade de São Luís. Entre saraus, cantatas e feirinhas, a revitalização do Centro Histórico repõe a erudição e a cultura nas ruas, almas, bocas e paixões da cidade. Em meio aos cânticos, danças e outros espetáculos que nos despertam para domingos de arte na Feirinha de São Luís, a eterna Mãe D’água da Praça Pedro II desafogou-se de um sumiço penitente e volta a molhar de brilho e luz o olhar de turistas e ludovicenses que sempre a quiseram ali. E o Parnaso maranhense é devolvido ao mundo com a remodelação da Praça do Pantheon, no Complexo Deodoro, a ser entregue à população no próximo dia 18, às vésperas do Natal. Sem contar que a rua Grande, de grande cresce mais, para que junto com ela cresçam os ideais de preservação histórica, de secularização, cidadania e hospitalidade que tanto contribuíram para nos elevar à condição de Patrimônio Cultural da Humanidade.


Não vou me ater ao valor logístico que representam todas essas obras, nem mesmo a seu significado patrimonial recuperado. É a História, é o lúdico redivivo, são as lendas que renascem, os cantos que explodem e também revitalizam almas.


Estão vestindo a velha São Luís de novo, ela que, momentaneamente, se despira de seus encantos e encantamentos, em virtude de sanáveis ferimentos em seus espaços públicos. Preciso, então, dizer agora que, concluso esse trabalho, será a hora da consciência cidadã, da vigilância, da fiscalização, para evitar que a barbárie dos vândalos volte a atacar um patrimônio histórico e cultural que é muito especial para o nosso Maranhão e para todo o Brasil.

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