JM Cunha Santos
Eu me sinto entre ogros perversos a cada vez que deparo com as teorias
educacionais do bolsonarismo. A volta da disciplina Educação Moral e Cívica
que, a meu tempo, serviu para transformar estudantes em androides sem cérebro,
bonecos de ventríloquos, fantoches fanáticos dos ideais de supremacia e
violência moral, incapazes de alinhavar uma única frase oriunda de qualquer
concepção filosófica pessoal advinda do conhecimento adquirido e da capacidade
de rever conceitos e analisarem, por si próprios, o que é melhor para este
país.
O fim das universidades públicas, como defendem o paganismo cultural do
“filósofo” pornofônico Olavo de Carvalho e do ministro da Educação Ricardo
Vélez Rodriguez. E mais, que universidades não são para pobres e devem atender
apenas a uma elite intelectual que eles e somente eles sabem onde reside no
Brasil. Uma elite em condições de pagar mensalidade nas universidades federais,
o que é a mais elitizante proposta em toda a história acadêmica do país.
Essa gente inventou que nossos professores, do ensino fundamental e
médio, dão aulas de marxismo-leninismo nas escolas, uma desculpa esfarrapada
para justificar o embrutecedor projeto “Escola Sem Partido”, uma mistificação
destinada a fundamentar a lavagem cerebral a que pretendem submeter nossos jovens
com o fim explícito de abrir caminhos para a perenização no poder.
Ora, é quase certo que a grande maioria de nossos professores sequer leu
“O Capital”, de Karl Marx ou “O Estado e a Revolução” de Vladimir Ilitch Lênin.
Até porque para ler e entender “O Capital”, por exemplo, é preciso ter, pelo
menos, conhecimentos rudimentares de economia.
São, portanto, ideias que dão nó nas tripas, provocam ânsia de vômito,
remetem a um formidando retrocesso ideológico, num tempo em que a humanidade
compreendeu que a redução das desigualdades sociais é a única saída para o
encontro da Paz nesta civilização atormentada por guerras e guerras tribais,
miséria e limpeza étnica, fundamentalismos e outras danações humanas.
O que estão tentando é criar uma geração de beócios, promover a
exclusão, a xenofobia, o racismo e o analfabetismo funcional como patentes de
um Governo que há de se isolar nesse país de pobres em que 5 % da população
detém mais de 90 % de toda a riqueza que o povo brasileiro produz.
Ora bolas! Deixem que as pessoas leiam tudo o que quiserem, estudem o
que bem entenderem, aprendam a discernir por si próprias entre o certo e o errado
entre o bem e mal e entendam que, nesse abismo econômico em que vivemos,
educação e saúde devem permanecer como direito de todos e dever do Estado.
Guardem suas armas, não tentem fazer deste um país de brucutus e, por
favor, permitam que os brasileiros, de todas as classes sociais, se apaixonem
pelos livros, alimentem-se de novas ideias, busquem na educação e no
conhecimento uma perspectiva de futuro que a alienação que vem com pobreza
absoluta nunca lhes permitiu.
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