terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

A educação a caminho da lavagem cerebral


JM Cunha Santos


Eu me sinto entre ogros perversos a cada vez que deparo com as teorias educacionais do bolsonarismo. A volta da disciplina Educação Moral e Cívica que, a meu tempo, serviu para transformar estudantes em androides sem cérebro, bonecos de ventríloquos, fantoches fanáticos dos ideais de supremacia e violência moral, incapazes de alinhavar uma única frase oriunda de qualquer concepção filosófica pessoal advinda do conhecimento adquirido e da capacidade de rever conceitos e analisarem, por si próprios, o que é melhor para este país.
O fim das universidades públicas, como defendem o paganismo cultural do “filósofo” pornofônico Olavo de Carvalho e do ministro da Educação Ricardo Vélez Rodriguez. E mais, que universidades não são para pobres e devem atender apenas a uma elite intelectual que eles e somente eles sabem onde reside no Brasil. Uma elite em condições de pagar mensalidade nas universidades federais, o que é a mais elitizante proposta em toda a história acadêmica do país.
Essa gente inventou que nossos professores, do ensino fundamental e médio, dão aulas de marxismo-leninismo nas escolas, uma desculpa esfarrapada para justificar o embrutecedor projeto “Escola Sem Partido”, uma mistificação destinada a fundamentar a lavagem cerebral a que pretendem submeter nossos jovens com o fim explícito de abrir caminhos para a perenização no poder.
Ora, é quase certo que a grande maioria de nossos professores sequer leu “O Capital”, de Karl Marx ou “O Estado e a Revolução” de Vladimir Ilitch Lênin. Até porque para ler e entender “O Capital”, por exemplo, é preciso ter, pelo menos, conhecimentos rudimentares de economia.
São, portanto, ideias que dão nó nas tripas, provocam ânsia de vômito, remetem a um formidando retrocesso ideológico, num tempo em que a humanidade compreendeu que a redução das desigualdades sociais é a única saída para o encontro da Paz nesta civilização atormentada por guerras e guerras tribais, miséria e limpeza étnica, fundamentalismos e outras danações humanas.
O que estão tentando é criar uma geração de beócios, promover a exclusão, a xenofobia, o racismo e o analfabetismo funcional como patentes de um Governo que há de se isolar nesse país de pobres em que 5 % da população detém mais de 90 % de toda a riqueza que o povo brasileiro produz.
Ora bolas! Deixem que as pessoas leiam tudo o que quiserem, estudem o que bem entenderem, aprendam a discernir por si próprias entre o certo e o errado entre o bem e mal e entendam que, nesse abismo econômico em que vivemos, educação e saúde devem permanecer como direito de todos e dever do Estado.
Guardem suas armas, não tentem fazer deste um país de brucutus e, por favor, permitam que os brasileiros, de todas as classes sociais, se apaixonem pelos livros, alimentem-se de novas ideias, busquem na educação e no conhecimento uma perspectiva de futuro que a alienação que vem com pobreza absoluta nunca lhes permitiu.

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