JM
Cunha Santos
Não
há governo. O que tem aí é uma fuzarca, ao arbítrio de um indistinto e patético
aglomerado de quadrúpedes, como numa vacaria. Vivemos hoje sob a égide do
voluntarismo político e do voluntarismo econômico. No círculo interno do poder
não há qualquer sinal de unicidade. O presidente da República estimula ataques
de aliados ao vice, os civis dentro da teia bolsonarista atacam os militares
que, a seu talante, devolvem os ataques aos civis dentro do governo, numa ridícula
exposição pública de vontades e desejos que se colidem num universo de comandos
em que, entre grupos e grupelhos, todo mundo quer mandar. O grupo dos civis, o
grupo dos militares e o grupo familiar, num cabo de guerra em que cada um
estica a corda da Nação pro seu lado sem saber aonde vai rebentar.
Um
dia é o presidente da República que confronta o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia e o Congresso, trocando injúrias sem meias palavras; no outro, o
presidente intervém para evitar o aumento do óleo Diesel que o presidente da
Petrobrás, apesar da manifestação presidencial, reajusta assim mesmo. Isso para
que o mercado reaja com um mau humor de R$ 32 bilhões no valor de mercado da
Petrobrás e os caminhoneiros, com ameaças de mais uma greve tsunâmica para a
economia, assustem a Nação.
Como
ideólogo dessa fanfarra que chamam de governo, o psicopata político alcunhado
astrólogo, Olavo de Carvalho, que, em seus delírios extremistas, vê comunistas
nos armários, nos banheiros e debaixo da cama, perturba a sobriedade das Forças
Armadas, chamando os militares de cagãos e o general Secretário de Governo,
Santos Cruz, de medíocre, invejoso e limitado intelectualmente.
Nem
em direção de grêmios estudantis isso pareceria possível de acontecer, imagine-se
no governo de um país!
E
tem ainda o filhinho do papai, Carlos Bolsonaro, disparando insultos contra o
vice-presidente da República e para quem militares não passam de “um monte de
gente estrelada”. Assim, o governo se desgasta na beocidade de cento e poucos
dias de coisa nenhuma, enquanto o Brasil navega qual nau sem rumo ao sabor de
escaramuças alimentadas por disputas internas de poder.
O
governo se autoliquida porque, decisivamente, não tem a mínima ideia do que
seja governar. E, Deus nos acuda, parece disposto a elevar a níveis cada vez
mais insuportáveis o mau humor das Forças Armadas que, até por sua missão
constitucional, deveriam merecer o respeito de quem governa o país.
Vivemos
um clima de permanente tensão, mediante a rede de intrigas que se instalou no
centro desse império, fruto inevitável dos genes do totalitarismo e autoritarismo
que aflora nas peles governistas e que mal conseguem disfarçar.
Dentro
do governo, poder civil e poder militar se confrontam e o Brasil, entre outros,
corre o perigo de se tornar ingovernável à luz do regime democrático porque,
como sempre, a extrema direita só sabe administrar sob tutela de regimes de
exceção e excrescências institucionais que, desde a Constituição Cidadã de
1988, não fazem mais parte do Brasil.
Eleitos
na esteira de um falso discurso de combate à corrupção e à violência,
oferecem-se agora à gangorra da dilapidação ética, comprando a R$ 40 milhões os
votos dos parlamentares se favoráveis a essa famigerada Reforma da Previdência
que atormenta trabalhadores, aposentados e pensionistas e paralisa todas as
urgências econômicas, políticas e tributárias do país.
Nem
tenham dúvidas, o Brasil corre perigo. Definitivamente, é este o governo do
salve-se quem puder.
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