Em meio às
tentativas do Governo Bolsonaro de aprovar a Reforma da Previdência no
Congresso Nacional, um Projeto de Lei Complementar (PLP) apresentado na Câmara
dos Deputados pretende criar mecanismos para financiar a aposentadoria rural no
país a partir da taxação dos bancos. O PLP nº 48/2019 propõe a destinação da
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide-OF), que incide sobre as
operações financeiras, como fonte de reserva para garantir a previdência de
trabalhadores do campo.
Pela proposta, o
novo tributo substituirá o atual recurso proveniente das Operações Financeiras
(IOF) e será cobrado das operações de crédito, câmbio e seguro, além das
negociações de títulos e valores mobiliários – como ações e derivativos. Os
recursos arrecadados passariam automaticamente para um fundo adicional para a
Previdência Social Rural.
O objetivo é
permitir a criação de recursos que garantam a aposentadoria do homem do campo,
tornando definitiva a fonte alternativa de financiamento. Apresentado pelo
deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA), o texto se baseia no artigo 149 da
Carta Cidadã de 1988 e na “reconhecida insuficiência das fontes de receita
constitucionalmente vinculadas ao seu financiamento” para justificar a
necessidade da destinação. Segundo a análise liderada pelo parlamentar
maranhense, a substituição do atual IOF permitiria a formação de uma
contribuição inicial da ordem de R$ 40 bilhões por ano.
Além da origem do
financiamento, o texto do PLP define que as alíquotas serão progressivas (com
limites máximo e mínimo), variando conforme o tipo de operação bancária. Elas
serão as seguintes: de 0,38% a 1,5% para operações de câmbio e de crédito; de
0,38% a 25% para seguros; e de 3% a 96% para compra e venda de títulos
mobiliários. O texto delimita, ainda, a base de cálculo para cada tipo de
operação e os contribuintes, atingindo pessoas físicas e jurídicas. Ao governo
caberia regulamentar a progressividade dos percentuais.
Considerada uma
medida urgente e inadiável, a matéria é uma tentativa de “equacionar o déficit
do sistema de proteção social rural, enquanto não se ultima a Reforma
Tributária”, de acordo com o parlamentar. “Estamos desafiados a encontrar
alternativas para garantir recursos aos trabalhadores rurais e este projeto é
uma delas. Absolutamente possível de ser realizada e com inegável e imediato
alcance para um setor da sociedade, que pode ter gravíssimos prejuízos com a
proposta de reforma da previdência apresentada pelo presidente Bolsonaro”,
afirmou.
Atualmente, a PEC
da Previdência proposta pela equipe econômica do Governo tenta igualar a idade
mínima para a aposentadoria rural aos 60 anos, tanto para homens quanto para
mulheres, e 20 anos de contribuição mínima para o sistema previdenciário. Se
aprovada, a nova regra passará a valer para empregados, contribuintes
individuais e segurados especiais.
Recém-apresentado,
o PLP será distribuído para análise das comissões temáticas designadas pelo
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Depois, segue para deliberação do
Plenário da Casa.
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