JM
Cunha Santos
A
poesia precisa de veneno:
é
natural, é o formol dos vencidos
e
assim que os rios começam
e
as águas acabam
A
poesia precisa de veneno
como
os palcos precisam dos mortos
é
assim que a luz se defende do olhar
e
o pavor humano vira alma
A
poesia precisa de veneno
antes
durante e depois do parto
para
estar onde Deus começa
e
o diabo termina
A
poesia precisa de veneno
quando
nada mais há para comer
além
do crepúsculo
neste
país sem vitórias
A
poesia precisa de veneno
não
do som abafado da penicilina
mas
do tormento ds réprobos
nas
masmorras do poder
não
da sopa dos mendigos
cortados
a faca em praça pública
A
poesia precisa de suicídios
A
poesia precisa de mim
para
culpa-la de ternura
de
amor e de perdão
Nenhum comentário:
Postar um comentário