segunda-feira, 27 de maio de 2019

MANDOU LEGAL!


JM Cunha Santos


Às vezes o sofrimento humano compunge tanto que chega a ser desleal. Mormente quando é o sofrimento de um parente, um irmão, um amigo, um colega, alguém de alguma forma próximo de nós. Alguém que amamos, Compunge tanto que mal conseguimos compreender os desígnios de Deus.
É quando nos perguntamos sobre, afinal, a utilidade de sermos nós mesmos, de onde viemos e para onde vamos se, feridos pela nossa dor, mal conseguimos perceber a dor alheia.
Conheci a alegria arrebatadora de Osvaldo a alguns anos, quando ainda era o apresentador dos folguedos e manifestações apoiados pela Secretaria de Cultura. Estivemos juntos numa exposição de segurança pública (Exposegma) coordenada por Josilma Bogea e ocorrida na praça Nauro Machado.
Logo descobri nele a verve rara e inconfundível de um comunicador capaz de envolver e empolgar multidões. Dava a impressão de que aquele microfone fazia parte de seu corpo, como um desses talentos que nascem com algumas pessoas de forma tão cristalizada que faz passar a sensação de que nada mais há a aperfeiçoar.
Depois disso, não convivemos muito. Ele foi para o rádio; eu permaneci brigando com as tintas e as palavras. Mas conversamos algumas vezes nos bares do Reviver sobre a vida, a profissão, o desalento de trabalhar sem a compensação merecida, o mal estar de às vezes ter quase que mendigar uma sobrevivência digna.
Mas, principalmente, conheci a alegria contagiante do comunicador ocupado em trazer à tona a felicidade submersa nas outras pessoas, a presença de espírito grandiloquente de Osvaldo, um entre tantos outros trabalhadores do melhor na alma humana.
Depois vi aquela foto, com aquela doença terrível e não quis enxergar. Agora, ele se foi.
Fique com Deus, Osvaldo. Quem mandou legal aqui na Terra, certamente mandará legal também nos céus.

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