JM
Cunha Santos
Às
vezes o sofrimento humano compunge tanto que chega a ser desleal. Mormente
quando é o sofrimento de um parente, um irmão, um amigo, um colega, alguém de
alguma forma próximo de nós. Alguém que amamos, Compunge tanto que mal
conseguimos compreender os desígnios de Deus.
É
quando nos perguntamos sobre, afinal, a utilidade de sermos nós mesmos, de onde
viemos e para onde vamos se, feridos pela nossa dor, mal conseguimos perceber a
dor alheia.
Conheci
a alegria arrebatadora de Osvaldo a alguns anos, quando ainda era o
apresentador dos folguedos e manifestações apoiados pela Secretaria de Cultura.
Estivemos juntos numa exposição de segurança pública (Exposegma) coordenada por
Josilma Bogea e ocorrida na praça Nauro Machado.
Logo
descobri nele a verve rara e inconfundível de um comunicador capaz de envolver
e empolgar multidões. Dava a impressão de que aquele microfone fazia parte de
seu corpo, como um desses talentos que nascem com algumas pessoas de forma tão
cristalizada que faz passar a sensação de que nada mais há a aperfeiçoar.
Depois
disso, não convivemos muito. Ele foi para o rádio; eu permaneci brigando com as
tintas e as palavras. Mas conversamos algumas vezes nos bares do Reviver sobre
a vida, a profissão, o desalento de trabalhar sem a compensação merecida, o mal
estar de às vezes ter quase que mendigar uma sobrevivência digna.
Mas,
principalmente, conheci a alegria contagiante do comunicador ocupado em trazer
à tona a felicidade submersa nas outras pessoas, a presença de espírito
grandiloquente de Osvaldo, um entre tantos outros trabalhadores do melhor na
alma humana.
Depois
vi aquela foto, com aquela doença terrível e não quis enxergar. Agora, ele se
foi.
Fique
com Deus, Osvaldo. Quem mandou legal aqui na Terra, certamente mandará legal
também nos céus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário