Cuidado, pensamento é matéria!

JM Cunha Santos

Contam que, de certa feita, uma estudante universitária dirigiu-se ao poeta Carlos Drummond de Andrade pedindo que lhe explicasse o sentido de um determinado verso do poeta. “Se você que leu não entendeu, como quer que eu que escrevi tenha entendido”, teria sido a surpreendente resposta do impagável bardo mineiro.

Realidade ou não, essa fenomenal história pode nos levar a intuir que o pensamento tanto pode ser próprio quanto sugerido por espíritos superiores ou inferiores. Em se tratando de poetas, quase sempre os versos surgem do nada, sem cálculos, análises, estudos anteriores, mas apenas através da percepção do mundo exterior, da inspiração. O pensamento “sugerido” explicaria, por exemplo, fenômenos tão insólitos quanto o da psicografia. Como explicar, por exemplo que um homem sem grande erudição, como Chico Xavier, tenha escrito (psicografado) cerca de 400 livros em tempo tão curto de vida?

Conforme a doutrina espírita, foi o consagrado espírito André Luiz o primeiro a afirmar que “O pensamento é matéria”. É claro que tão desconcertante afirmação dá margem a infindáveis discussões doutrinárias, científicas e filosóficas. Em mim, dá medo. Ainda mais que há substâncias (matéria) que se transformam em outras.

Fico a imaginar que os pensamentos humanos se colidem na atmosfera, gerando conflitos, guerras, ódios, porque, sendo o pensamento matéria, possui massa, ocupa lugar no espaço, pode ser pesado e medido, possui extensão própria e divisibilidade, o que é mais assustador ainda.

Quando leio nos livros ou ouço nos filmes a expressão “cuidado com o que você deseja”, custa-me não substituí-la por “cuidado com o que você pensa”. E, imaginando a idade da humanidade, o número de seres humanos que já esteve aqui neste planeta, imagino quão imenso é o volume de matéria orgânica (pensamentos) perversa vagando com os piores propósitos no espaço sideral.

E, em meio a esse vácuo quântico, esse acúmulo infindável de radiações eletromagnéticas, me pergunto o que foi feito dos incontáveis trilhões de bons pensamentos que a humanidade gastou no Planeta Terra.