JM
Cunha Santos
Num
dia de sábado, no Centro Espírita Ivonne A. Pereira, deparei com uma instigante
palestra do mentor Luís Jansen titulada “Dor e sofrimento na visão espírita”.
De imediato, remeti-me ao poderoso verso do poeta Carlos Drummond de Andrade
que, superando o gênio humano, disse: “A dor é inevitável; o sofrimento é
opcional”.
E
aí está um exemplo do poder das argumentações científicas, filosóficas, o
estabelecer de diferenças cruciais entre sofrimento e dor, o que, para o leigo,
seria alguma coisa no terreno das improbabilidades.
O
mentor foi buscar no “Chico Amor Xavier” a possibilidade de ser amado do outro
lado da vida e no magistral “Sermão da Montanha”, de Jesus Cristo, explicações
doutrinárias para dar força ainda maior ao inusitado de sua palestra. Fixei-me,
principalmente, quanto a esse discurso de Jesus Cristo, em dois aforismas: “Bem
aventurados os que choram, porque eles serão consolados” e “Bem aventurados os
que têm fome e sede de Justiça, porque eles serão fartos”, este último
reforçado ainda mais por um incontestável ideal de amor ao próximo: “Bem
aventurados os que sofrem perseguição por causa da Justiça, porque deles é o
reino dos céus”.
É-me,
particularmente, imprescindível que se estabeleçam as diferenças entre dor e
sofrimento. Por razões de minha própria vida. E o mentor Luís Jansen alertava,
em palavras que não pude decorar, que a dor não é de todo um mal, pois de toda
forma nos alerta que algo não vai bem em nosso organismo e, mesmo, em nossas
almas.
Com
seu jeito muito peculiar de deixar tudo clarividente, Jansen ensinou que a dor
vem de fora para dentro e o sofrimento de dentro para fora, redundando em
instrumentos invisíveis de proteção ao ser humano. Sendo o sofrimento o
somatório de dores físicas e morais, tende a diminuir à medida que fazemos uma
reforma íntima, disse. E, contraditando um bem antigo vaticínio evangélico,
mostrou que o arrependimento por si só não basta para o adiantamento da alma
humana. Seriam três, no caso, os caminhos para o perdão divino: o
arrependimento, a expiação e a reparação.
Sai
do Centro Espírita com a sensação de que havia vencido alguma batalha em mim
mesmo e igualmente convencido de que havia deparado com a origem e causa do
sofrimento humano. Pagamos, em penas, tristezas e padecimentos por nossos erros,
cometidos nesta ou em outras existências?
Inolvidável
um texto de Sérgio Bregi Gregório que também coloca a dor como uma necessidade,
pois através dela descobrimos que algo em nós não vai bem, o que, aliás, o
palestrante explicou cristalinamente.
O
conhecimento das diversas doutrinas, das ciências, da filosofia – esta, de
certa forma, hoje amaldiçoada pelo Poder, nos remete a alcances verdadeiramente
mágicos: o que pensarão os que tanto gemeram e ainda gemem nesta terra ao ouvir
que “Pode existir dor sem sofrimento e sofrimento sem dor”?
Enquanto
religiões históricas da humanidade anteveem o sofrimento humano como castigo, a
doutrina espírita entende que dor e sofrimento estão circunscritos às leis de
causa e efeito, ação e reação, ou seja, tudo o que fizemos de errado, nesta ou
em outras existências, terá que ser reparado.
São
os espíritas defensores da fé racionada, aliada a um sentimento muito sutil
chamado razão. Mas, enquanto ainda sinto os efeitos da palestra do mentor Luís
Jansen na minha mente desorganizada e no meu impulsivo coração, imagino o que
dirão as pessoas ao descobrirem que também o sofrimento pode ser voluntário,
mesmo sabendo todos nós que ninguém neste mundo quer sofrer.

Uma excelente reflexão própria e que também nos engrandece para se parar pra pensar na dor e no sofrimento. Muito bom!!!!aliás Excelente.
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