Ao longo
do mês de Outubro, o Vaticano trouxe ao centro das discussões eclesiásticas e
científicas a nossa Amazônia. Por reconhecer a importância da floresta, o Papa
Francisco convocou o Sínodo da Amazônia e, ao longo de três semanas, fez com
que o tema fosse tratado com a relevância que tem. O documento resultante do
Sínodo foi apresentado pelo cardeal Dom Cláudio Hummes, Relator Geral do
Sínodo, durante reunião com 4 governadores da Amazônia brasileira, em um ato de
reconhecimento de que há, no Brasil, quem defende e luta pela compatibilização
entre desenvolvimento e sustentabilidade.
Na reunião
dos governadores, que aconteceu na Academia de Ciências do Vaticano, discutimos
mecanismos de concretização das diretrizes definidas no documento final do
Sínodo da Amazônia. No período em que estive no Vaticano, também fiz reunião
com todos os bispos do Maranhão que participaram do Sínodo, quando colhi
importantes sugestões para ações governamentais.
Na minha
intervenção na Academia de Ciências do Vaticano, frisei que concordamos que há
sim graves crises ambiental e social no Brasil, que precisam ser reconhecidas e
enfrentadas para que tenhamos o bem-viver de toda a população, especialmente
aquelas tradicionais e originárias. Mencionei incêndios florestais e a poluição
por óleo em praias do Nordeste como sinais da crise ambiental. Além disso,
destaquei que o cumprimento de compromissos internacionais que o Brasil assumiu
não significa fragilizar a soberania nacional. E realcei o quanto é necessário
que os países mais ricos assumam responsabilidades diferenciadas na proteção do
meio ambiente, isto é, arquem com encargos proporcionais aos danos ambientais
provocados por essa espécie de “superdesenvolvimento” que eles já experimentam,
com um consumismo desenfreado e alucinado.
É urgente
superar o negacionismo ambiental sobre a real situação da Amazônia, que leva o
Brasil a retrocessos visíveis. Tais retrocessos geram mortes e destruição, e,
ademais, estão expondo a imagem da nossa Nação, trazendo riscos de sanções
contra nossos produtos na seara internacional. Defender o Brasil exige que os
compromissos relativos ao meio ambiente, constantes da nossa Constituição e das
leis, sejam cumpridos por todos. As reflexões da Igreja Católica, contidas no
documento final do Sínodo, reforçam a crença de que o desenvolvimento
sustentável é o caminho certo.
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