segunda-feira, 4 de novembro de 2019

...E assim ficou o Brasil depois da ditadura implantada por Eduardo Bolsonaro e edição do Ato Institucional 5 mais 5


Não há censura, porque também não há jornais. Explodiram todos. A equipagem do Flamengo teve que ser trocada sob suspeita de que o vermelho estava sendo pintado com tinta que vazou de um navio da Venezuela.

JM Cunha Santos


Igual a milhões de outros brasileiros, eu também desapareci. Aliás, coronéis, generais, almirantes e marechais também sumiram no ar. Estamos vivendo sob a égide do Ato Institucional 5 mais 5 que, no Brasil, substituiu a Constituição Federal.
Só existem no país 3 partidos políticos: o PEB – Partido do Eduardo Bolsonaro, o PJB – Partido do Jair Bolsonaro e o PMC – Partido dos Militantes do Carluxo.
O prédio do Congresso Nacional foi transformado no Centro de Treinamento de Fuzileiros Virtuais; o prédio do Supremo Tribunal Federal é, agora, o Templo Mefistofélico de Silas Malafaia e o prédio do Superior Tribunal de Justiça é o Parque de Torturas Físicas e Psicológicas Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.
A Ordem dos Advogados do Brasil, com todas as suas secções, foi riscada do mapa. Os advogados que não estão presos ou foram exilados, são obrigados a trabalhar como publicanos caçadores de impostos.
Os promotores públicos só estão autorizados a denunciar dissidentes políticos. Fora disso, são afastados de suas funções e obrigados a fazer cursos de lealdade com aquele príncipe assassino da Arábia Saudita.
As sentenças dos juízes só são conhecidas do público e dos réus depois de uma varredura completa de funcionários do governo. Que também podem modifica-las ou adapta-las à nova ideologia do Estado.
As mulheres, pobres mulheres, estão proibidas de trabalhar e estudar e passíveis de punição se ousarem denunciar violências domésticas.
A zoofilia foi liberada e o homossexualismo é punido com pena de prisão caso não seja “resolvido” com avançados métodos de cura gay.
As poucas emissoras de TV são estatais e só transmitem falas do presidente, dia e noite, o que aumentou geometricamente o número de doentes mentais. Não há censura, porque também não há jornais. Explodiram todos. Somente 3 jornais diários circulam no país: o “O Zero 1”, o “O Zero 2” e o “O Zero 3”.
Depois que fecharam todos os teatros do país, um monumento à Bomba do Rio Centro foi erguido em substituição ao Memorial JK e uma estátua de Donald Trump depois do impeachment na Esplanada dos Ministérios.
As escolas de ensino médio e fundamental não existem mais. Foram todas transformadas em Colégios Militares. E nos antigos prédios das universidades onde funcionavam faculdades de Ciências Humanas, hoje são ministrados cursos de Decapitação e Evisceração por professores com pós-graduação no Estado Islâmico.
A equipagem do Flamengo teve que ser trocada. Censores e monitores do esporte consideraram que o Negro é uma cor inferior e levantaram a suspeita de que o Vermelho estava sendo pintado com tinta que vazou de um navio da Venezuela.
Depois da decretação do Ato Institucional 5 mais 5, favelas inteiras foram metralhadas e os cadáveres acumulados nas ruas foram tantos que a solução encontrada pelo governo foi importar velhos fornos usados pela Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
As policias militares dos estados foram desfeitas e as Milícias e Grupos de Extermínio foram legalizados, conforme decreto presidencial que também lhes garantiu a excludente de ilicitude.
Os territórios indígenas foram entregues a empresas de exploração de minério e as áreas de preservação ambiental passaram a ser administradas por madeireiros.
No Palácio do Governo, todos são obrigados a bater palmas e continências ao novo Rei da Selva, Eduardo Bolsonaro, que deu um golpe no próprio pai e tomou o poder.
E no amanhecer de um dia desvairado, outros que também desapareceram como eu, acordaram com a notícia de que o Brasil acabava de declarar guerra à Argentina, Cuba, Chile, Equador, Venezuela e Uruguai.
Que pesadelo!

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