“Enquanto o Estado não
tiver a coragem de adotar a pena de morte, os grupos de extermínio são bem-vindos”.
(Jair Bolsonaro)
JM
Cunha Santos
Quem
assistiu ao filme Tropa de Elite 2, está assistindo, hoje, no Brasil, à
repetição premonitória dessa fenomenal obra de ficção que conta a história de
uma Milícia em conluio com poderosos da política a quem elegem comprando
lideranças em bairros pobres e, assim, formando currais eleitorais.
No
filme, um sem número de assassinatos; na realidade do Brasil de hoje, o
assassinato da vereadora Marielle expõe as relações nunca explicadas entre a
família do presidente da República, Jair Bolsonaro e membros da Milícia que
surge como responsável pelo assassinato da vereadora: o “Escritório do Crime”. A
corajosa Marielle denunciava os assassinatos cometidos por essa Milícia.
Além
de ser investigado por corrupção, o senador Flávio Bolsonaro foi também
investigado por sua proximidade com milicianos, através de seu assessor e
motorista, o ex-policial Fabrício Queiroz, amigo de sua família desde 1980.
A
mãe e a mulher do ex-capitão do BOPE Adriano Magalhães de Nóbrega, (segundo o
Ministério Público do Rio de Janeiro, chefe do temido “Escritório do Crime”), Raimunda
Veras Magalhães e Danielle da Costa Nóbrega foram lotadas como assessoras no
gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro. Conforme as investigações, à época
recente do assassinato de Marielle, o “Escritório do Crime” reunia matadores
especiais a soldo de Adriano Magalhães de Nóbrega, amigo também de Fabrício
Queiroz. Adriano fugiu depois do assassinato de Marielle.
E
Flávio Bolsonaro, que se recusou a apoiar a condecoração póstuma de Marielle
com a Medalha Tiradentes, (AL-RJ) condecorou Adriano Magalhães de Nóbrega “por
seu brilhantismo e galhardia” e concedeu ao chefão do crime a mesma Medalha
Tiradentes que negou à vereadora assassinada.
A
imprensa nacional e internacional catou declarações em que o hoje presidente
Jair Bolsonaro elogia as milícias. Entre elas, soltou essa bomba: “Enquanto o
Estado não tiver a coragem de adotar a pena de morte, os grupos de extermínio
são bem-vindos”.
Em
recente matéria, o Jornal Nacional, da TV Globo, informa que em seu depoimento
o porteiro do condomínio onde reside Jair Bolsonaro e residiu também Ronnie
Lessa, hoje preso acusado de disparar os tiros contra a vereadora, afirma que
no dia do crime, um cúmplice do assassino, Élcio Queiroz, informou que ia
visitar a casa do presidente.
Como
sabem todos, a reação de Bolsonaro contra a Globo foi apoplética e nela ele
também acusou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de vazar para a emissora
um inquérito que está sob segredo de Justiça. Mas, como ficou acima
demonstrado, o presidente não tem como negar as relações incestuosas de sua
família com a Milícia apontada como responsável pela morte da vereadora. A
concessão de medalhas de honra para esses assassinos fala por si só.
E, assim, a partir do filme Tropa de Elite 2,
estamos diante de um raro caso em que a ficção se torna realidade. Da mesma
forma que os moradores das favelas que no filme festejavam as candidaturas com
os milicianos, o povo brasileiro, vilmente enganado pela propaganda política,
votou e colocou no poder, em Brasília, representantes de grupos de extermínio,
milícias que, entre tantos outros crimes, exploram e praticam extorsão nas
comunidades e se dedicam a matar culpados e inocentes. Não necessariamente
nessa ordem.
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