sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Tropa de Elite 3: vilmente enganado, o povo brasileiro mandou eleitos para Brasília, em 2018, representantes de milícias e grupos de extermínio

“Enquanto o Estado não tiver a coragem de adotar a pena de morte, os grupos de extermínio são bem-vindos”. (Jair Bolsonaro)

JM Cunha Santos


Quem assistiu ao filme Tropa de Elite 2, está assistindo, hoje, no Brasil, à repetição premonitória dessa fenomenal obra de ficção que conta a história de uma Milícia em conluio com poderosos da política a quem elegem comprando lideranças em bairros pobres e, assim, formando currais eleitorais.
No filme, um sem número de assassinatos; na realidade do Brasil de hoje, o assassinato da vereadora Marielle expõe as relações nunca explicadas entre a família do presidente da República, Jair Bolsonaro e membros da Milícia que surge como responsável pelo assassinato da vereadora: o “Escritório do Crime”. A corajosa Marielle denunciava os assassinatos cometidos por essa Milícia.
Além de ser investigado por corrupção, o senador Flávio Bolsonaro foi também investigado por sua proximidade com milicianos, através de seu assessor e motorista, o ex-policial Fabrício Queiroz, amigo de sua família desde 1980.
A mãe e a mulher do ex-capitão do BOPE Adriano Magalhães de Nóbrega, (segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, chefe do temido “Escritório do Crime”), Raimunda Veras Magalhães e Danielle da Costa Nóbrega foram lotadas como assessoras no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro. Conforme as investigações, à época recente do assassinato de Marielle, o “Escritório do Crime” reunia matadores especiais a soldo de Adriano Magalhães de Nóbrega, amigo também de Fabrício Queiroz. Adriano fugiu depois do assassinato de Marielle.  
E Flávio Bolsonaro, que se recusou a apoiar a condecoração póstuma de Marielle com a Medalha Tiradentes, (AL-RJ) condecorou Adriano Magalhães de Nóbrega “por seu brilhantismo e galhardia” e concedeu ao chefão do crime a mesma Medalha Tiradentes que negou à vereadora assassinada.
A imprensa nacional e internacional catou declarações em que o hoje presidente Jair Bolsonaro elogia as milícias. Entre elas, soltou essa bomba: “Enquanto o Estado não tiver a coragem de adotar a pena de morte, os grupos de extermínio são bem-vindos”.
Em recente matéria, o Jornal Nacional, da TV Globo, informa que em seu depoimento o porteiro do condomínio onde reside Jair Bolsonaro e residiu também Ronnie Lessa, hoje preso acusado de disparar os tiros contra a vereadora, afirma que no dia do crime, um cúmplice do assassino, Élcio Queiroz, informou que ia visitar a casa do presidente.
Como sabem todos, a reação de Bolsonaro contra a Globo foi apoplética e nela ele também acusou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de vazar para a emissora um inquérito que está sob segredo de Justiça. Mas, como ficou acima demonstrado, o presidente não tem como negar as relações incestuosas de sua família com a Milícia apontada como responsável pela morte da vereadora. A concessão de medalhas de honra para esses assassinos fala por si só.
E, assim, a partir do filme Tropa de Elite 2, estamos diante de um raro caso em que a ficção se torna realidade. Da mesma forma que os moradores das favelas que no filme festejavam as candidaturas com os milicianos, o povo brasileiro, vilmente enganado pela propaganda política, votou e colocou no poder, em Brasília, representantes de grupos de extermínio, milícias que, entre tantos outros crimes, exploram e praticam extorsão nas comunidades e se dedicam a matar culpados e inocentes. Não necessariamente nessa ordem.

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