sábado, 13 de junho de 2020

Até quando médicos e enfermeiros vão poder trabalhar no Brasil sem correr o risco de serem feridos ou mortos por bolsonaristas?

JM Cunha Santos


Tem um monte de perguntas pulando dentro da minha boca e, seja o que Deus quiser, eu vou fazer: será que existe entre os Bolsonaros algum tipo de plano de extermínio generalizado de médicos e enfermeiros no Brasil? Alguma espécie de “Noite dos Jalecos Brancos”, a seguimento da “Noite dos Cristais” dos nazistas que deu início ao extermínio de 6 milhões de judeus?
E pergunto porque estou chorando. De raiva, de vergonha e horror de viver num país em que o seu presidente, depois de deixar evidente reiteradas vezes que pouco se lhe dá a morte de brasileiros, incita a invasão de hospitais por uma horda de seus seguidores alucinados que, sentindo-se autorizados pela República, a cada dia se mostram mais violentos, inconsequentes e loucos.
Isso pode acontecer? Isso é no Brasil? Houve um primeiro ataque contra enfermeiros, um segundo e, agora, isso? O terror. Uma turba de dementes dentro de um hospital cheio de enfermos, chutando mesas e cadeiras, portas de leitos, atirando computadores contra as paredes, ameaçando profissionais da saúde que, ao próprio risco de suas vidas, enfrentam uma pandemia que já matou mais de 40 mil brasileiros?
E isso para fazer valer a tese do Senhor presidente de que não existe essa história de covid-19 coisa nenhuma, que os diagnósticos são falsos e fazem parte de uma grande conspiração internacional, comandada pela Organização Mundial de Saúde em aliança com países asiáticos como a China?
Um outro, em Ceilândia (DF) com máscara da bandeira brasileira (que já sujaram de ódio e querem sujar de sangue) exige que devolvam um hospital ao povo, ataca uma médica aos gritos de “louca” “doente” e repete o argumento amplamente divulgado na internet das fake news de que no Brasil agora só se morre de covid.
No dia seguinte a esse festival de ameaças e insanidades, são vereadores (imaginem só, VEREADORES) bolsonaristas que tentam invadir um hospital em Fortaleza para dar início ao longa metragem incentivado pelo presidente.
Vão fazer isso em quantos outros hospitais ainda? A Polícia Civil, a Polícia Militar, a Polícia Federal, vão permitir?
Outras vítimas constantes desses ataques são jornalistas, (um desses loucos já invadiu a TV Globo e fez uma jornalista de refém), congressistas, governadores e membros do Supremo Tribunal Federal. O autoritarismo projetado por Jair Bolsonaro não permite a existência de outras autoridades que não ele mesmo ou escolhidas por ele.
E, ainda por cima, o Senhor presidente coloca as Forças Armadas como espada de Dâmocles sobre nossas cabeças, uma ameaça constante parida das bocas de seus filhos e seguidores, como se os exércitos aí constituídos fossem de invasores e não de brasileiros.
E fazem gestões para armar uma população que, à luz de suas demências, sairá por aí matando todo mundo que não apoiar o presidente.
E tudo isso é impune? Um presidente pode mesmo incitar a invasão de hospitais por uma horda de malucos?
E os oficiais da ativa nas Forças Armadas? Porque não deixam claro, de uma vez por todas, que não fazem parte do projeto de carnificina nacional que está na cabeça de Jair Bolsonaro e de seus filhos? 
Médicos e enfermeiros ainda vão poder andar em segurança nas ruas do país, sem o temor de a qualquer hora serem assassinados por esses dementes? Eles ainda estão seguros trabalhando nos hospitais?
Até quando jornalistas vão poder se identificar como tal em lugares públicos sem correr riscos?
Nessa iminência de terrorismo de Estado, o que leva algumas pessoas a ainda permanecerem ou a querer fazer parte desse governo? É tudo por um cargo? Pelo amor de Deus!
Pois o melhor é que nos matem logo a todos nós; ninguém consegue viver sob constante ameaça e medo o tempo todo. Jair Bolsonaro, na verdade, está a exigir das Forças Armadas e das polícias os 30 mil cadáveres a que de certa feita aludiu em entrevista, em suas palavras “para fazer o trabalho que a revolução (ditadura militar de 64) não fez.
Pobre povo brasileiro. Aqui, quem não morrer de vírus, vai morrer de bala apenas porque um único homem quer se manter no poder.

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