JM
Cunha Santos
Tem
um monte de perguntas pulando dentro da minha boca e, seja o que Deus quiser,
eu vou fazer: será que existe entre os Bolsonaros algum tipo de plano de
extermínio generalizado de médicos e enfermeiros no Brasil? Alguma espécie de “Noite
dos Jalecos Brancos”, a seguimento da “Noite dos Cristais” dos nazistas que deu
início ao extermínio de 6 milhões de judeus?
E
pergunto porque estou chorando. De raiva, de vergonha e horror de viver num
país em que o seu presidente, depois de deixar evidente reiteradas vezes que
pouco se lhe dá a morte de brasileiros, incita a invasão de hospitais por uma
horda de seus seguidores alucinados que, sentindo-se autorizados pela República,
a cada dia se mostram mais violentos, inconsequentes e loucos.
Isso
pode acontecer? Isso é no Brasil? Houve um primeiro ataque contra enfermeiros,
um segundo e, agora, isso? O terror. Uma turba de dementes dentro de um
hospital cheio de enfermos, chutando mesas e cadeiras, portas de leitos, atirando
computadores contra as paredes, ameaçando profissionais da saúde que, ao
próprio risco de suas vidas, enfrentam uma pandemia que já matou mais de 40 mil
brasileiros?
E
isso para fazer valer a tese do Senhor presidente de que não existe essa
história de covid-19 coisa nenhuma, que os diagnósticos são falsos e fazem
parte de uma grande conspiração internacional, comandada pela Organização
Mundial de Saúde em aliança com países asiáticos como a China?
Um
outro, em Ceilândia (DF) com máscara da bandeira brasileira (que já sujaram de
ódio e querem sujar de sangue) exige que devolvam um hospital ao povo, ataca
uma médica aos gritos de “louca” “doente” e repete o argumento amplamente
divulgado na internet das fake news de que no Brasil agora só se morre de
covid.
No
dia seguinte a esse festival de ameaças e insanidades, são vereadores (imaginem
só, VEREADORES) bolsonaristas que tentam invadir um hospital em Fortaleza para
dar início ao longa metragem incentivado pelo presidente.
Vão
fazer isso em quantos outros hospitais ainda? A Polícia Civil, a Polícia
Militar, a Polícia Federal, vão permitir?
Outras
vítimas constantes desses ataques são jornalistas, (um desses loucos já invadiu
a TV Globo e fez uma jornalista de refém), congressistas, governadores e membros
do Supremo Tribunal Federal. O autoritarismo projetado por Jair Bolsonaro não
permite a existência de outras autoridades que não ele mesmo ou escolhidas por
ele.
E,
ainda por cima, o Senhor presidente coloca as Forças Armadas como espada de Dâmocles
sobre nossas cabeças, uma ameaça constante parida das bocas de seus filhos e
seguidores, como se os exércitos aí constituídos fossem de invasores e não de
brasileiros.
E
fazem gestões para armar uma população que, à luz de suas demências, sairá por
aí matando todo mundo que não apoiar o presidente.
E
tudo isso é impune? Um presidente pode mesmo incitar a invasão de hospitais por
uma horda de malucos?
E
os oficiais da ativa nas Forças Armadas? Porque não deixam claro, de uma vez
por todas, que não fazem parte do projeto de carnificina nacional que está na
cabeça de Jair Bolsonaro e de seus filhos?
Médicos
e enfermeiros ainda vão poder andar em segurança nas ruas do país, sem o temor
de a qualquer hora serem assassinados por esses dementes? Eles ainda estão
seguros trabalhando nos hospitais?
Até
quando jornalistas vão poder se identificar como tal em lugares públicos sem
correr riscos?
Nessa
iminência de terrorismo de Estado, o que leva algumas pessoas a ainda
permanecerem ou a querer fazer parte desse governo? É tudo por um cargo? Pelo
amor de Deus!
Pois
o melhor é que nos matem logo a todos nós; ninguém consegue viver sob constante
ameaça e medo o tempo todo. Jair Bolsonaro, na verdade, está a exigir das
Forças Armadas e das polícias os 30 mil cadáveres a que de certa feita aludiu
em entrevista, em suas palavras “para fazer o trabalho que a revolução
(ditadura militar de 64) não fez.
Pobre
povo brasileiro. Aqui, quem não morrer de vírus, vai morrer de bala apenas
porque um único homem quer se manter no poder.
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