domingo, 28 de junho de 2020

Súbitos sonetos lusófonos

JM Cunha Santos


1
Gentil senhorinha esparramada
em tacos de bilhar na hora injusta
convido-te, ó gentil, para uma justa
antes que a noite fuja em disparada

Não há como expliques, tatuada
à alma a dor imensa que me custas
não penses que com teus brasões me assustas
que o muito, quando muito, é quase nada

Vamos varar a noite, inexplorada
até os pavilhões que estão no céu
e antes que tu te sintas violada

entenda que hoje, aqui, sou eu o réu
que em ti vai assestar tanta pancada
se roubas o que antes já foi meu

2
Oh gajo do Estoril, bardo de estrada
que de poeta alguém o convenceu
o que mereces é uma boa cacetada
se rimas o que é teu com o que é meu

se vê que a tua bolsa está pelada
se vê que alguma ninfa te lambeu
mas eu, por me sentir desafiada
te entrego a todo horror de Prometeu

Te jogo, sem piedade, dessa escada
não vou viver às custas de um labéu
e tenho a minha história projetada

por ti a minha alma foi roubada
e por me ter gentil, santificada

devolvo um coração que já foi teu

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