sábado, 29 de agosto de 2020

Caso Witzel: Bolsonaro estrutura sua polícia política e dá início à temporada de caça aos governadores

Bolsonaro, Witzel, pastor Everaldo, pastora Flodelis, Malafaia, são farinha do mesmo saco; têm a mesma origem política, a mesma origem religiosa herética e vão continuar poluindo as águas do rio Jordão.

JM Cunha Santos



Há, na Operação “Três do Mesmo”, mais que o simples afastamento do governador Wilson Witzel por seis meses e a prisão do pastor Everaldo, prócer desse novo evangelismo de extrema direita que cultua a corrupção, o armamentismo, o assassinato e até o incesto, conforme restou demonstrado pelas relações da pastora Flordelis com seu genro e filhos adotivos no correr das investigações sobre a execução sumária de seu marido, o também pastor Anderson do Carmo.

O pastor Everaldo é, sim, um velho conhecido nas crônicas da corrupção; o Rio de Janeiro está, sim, mergulhado num mar de corrupção a pelo menos duas décadas. E a gula de pastores evangélicos por dinheiro e poder acentuou-se a todos os limites com o governo Jair Bolsonaro, a ponto de não mais se saber o que é crime e o que é oração no universo de uma nação até a bem pouco tempo aparentemente dedicada a salvar almas para Deus e combater o pecado. Em suma, o séquito bolsonarista de Malafaia está afundando a nação evangélica brasileira num oceano de tristezas, repulsas e decepções.

Mas Witzel e Everaldo não estão sendo punidos por seus crimes; estão sendo punidos por ousar desafiar o “Messias” prometido de metralhadora em punho, Jair Bolsonaro. São farinha do mesmo saco, têm a mesma origem política, a mesma origem religiosa herética e vão continuar poluindo com seus batismos as águas do rio Jordão.

O senhor presidente conseguiu, finalmente, na proximidade dos dois anos de mandato, estruturar sua polícia política, sonho embrionário de todo extremista de direita. Com o concurso de procuradores nada confiáveis, de uma Justiça que patina entre o Bem e o Mal, Bolsonaro tira do caminho mais uma ameaça à sua reeleição. A primeira foi Sérgio Moro, a segunda Wilson Witzel e a terceira poderá ser qualquer um dos governadores que, em oposição ou dissidência, ameaçam sua hegemonia político-eleitoral.

A prisão do pastor Everaldo e o afastamento do governador Wilson Witzel, portanto, são parte de uma muito bem articulada perseguição política e não de uma decisão de Justiça. As companhias do senhor presidente - os milicianos como Fabrício Queiroz e Adriano de Nóbrega, os fisiológicos do Centrão, os pastores corrompidos, os mercenários da extrema direita como Sara Geromini, os criminosos como Flordelis, os rachadistas achocolatados como Flávio Bolsonaro, não permitem a ninguém achar que lhe caiba no coração algum ideal de Justiça. Ele já tem sua polícia política e os principais inimigos de sua reeleição são os governadores todos do Brasil, inocentes ou culpados. Os mesmos governadores que, no curso da pandemia de covid-19, descobriram as enormidades da ingerência e da crueldade presidencial para com o povo brasileiro.


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