sábado, 5 de setembro de 2020

Casos Crivella e Witzel indicam que Justiça e Ministério Público estão sendo manipulados por golpistas no Brasil

Fiquem atentos: há mais golpistas entre o Ministério Público e o Poder Judiciário do que pode sonhar a nossa vã democracia.

JM Cunha Santos

Os golpistas não descansam. Não lhes bastou prender e tornar inelegível o ex-presidente Lula. Sem provas. Não estou aqui para defender a corrupção no governo Witzel, nem a arrogância doutrinária do bispo bolsonarista Marcelo Crivella, mas os últimos acontecimentos nos âmbitos da Justiça e do Ministério Público no país são de deixar qualquer um de queixo caído, “fazer corar um frade de pedra”, como diz o adágio popular. Não há legislação no mundo que permita o afastamento de um governador de seu cargo por decisão monocrática. Se há, é um pandemônio não uma lei. Um único juiz, qual semideus acima de todos os mortais, decidindo que um homem eleito com  4 milhões e 600 mil votos deixará de ser o governante de seu Estado à luz de seu julgamento uno, na observância das acusações do Ministério Público e antes que o “réu” esboce qualquer defesa.

Como não pensar que tamanha trapalhada jurídica atende a interesses inconfessos, pela pressa que não aguarda o Pleno do tribunal, pela decisão intempestiva que confronta a imparcialidade das cortes supremas? Para que, logo em seguida, o Superior Tribunal de Justiça reconheça a enormidade da barbárie judicial cometida, mas mantenha, quase à unanimidade, a decisão prolatada pelo monocrático ministro Benedito Gonçalves.

Witzel é, hoje, inimigo público número 1 do senhor presidente da República, Jair Bolsonaro, que sonha com um autogolpe, uma intervenção militar que lhe permita implantar uma nova ditadura no melhor estilo “varguista” no Brasil. Essa pretensão é descarada e, em vista disso, a atabalhoada decisão monocrática de Benedito Gonçalves, referendada em seguida pelo Pleno do STJ, cheira muito mal.

A GLOBO E CRIVELLA

A Globo é golpista. Sempre foi e isso é histórico. Seu DNA está no golpe contra Dilma Roussef e na prisão de Lula. É a mesma emissora que tentou esconder a campanha das “Diretas Já” do povo brasileiro, segundo consta em troca de benefícios auferidos junto à ditadura militar.

A Globo, já há tempos, tem entre seus inimigos a Igreja Universal do Reino de Deus, por razões que lhes são próprias, entre elas a disputa de audiência e honorários com a TV Record.

Mas o que importa aqui é ver, também nesse episódio, o espaço-tempo em que homens públicos podem ser acusados, julgados e, sem que consigam sequer esboçar uma defesa, condenados em processos meteóricos. Pela precária diferença de 2 votos, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro não abriu um processo de impeachment contra o prefeito do Rio de Janeiro, apenas dois dias depois da matéria da Rede Globo sobre os “Guardiões do Crivella”.

Crivella e Witzel, a meu ver, são duas figuras nefastas da política brasileira, o gene bolsonarista não deixa dúvidas. Mas o que preocupa é ver a proficiência com que a Justiça, às vezes, age ao arrepio da lei e a forma como o Ministério Público se esfacela, de Curitiba a São Paulo, do Oiapoque ao Chuí, imerso em dúvidas quanto à idoneidade de parte de seus membros e sitiado pelo autoritarismo de seus chefes procuradores.

Enquanto Luís Nassif é vítima de censura e uma juíza censura a própria Rede Globo em favor do rachadista Flávio Bolsonaro e governadores e prefeitos sentem-se inseguros no exercício de seus mandatos, a rapidez e displicência de julgamentos políticos no Brasil acena para a construção de um novo regime ditatorial.

Fiquem atentos: há mais golpistas entre o Ministério Público e o Poder Judiciário do que pode sonhar a nossa vã democracia.    

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