Fiquem atentos: há mais golpistas entre o Ministério Público e o Poder Judiciário do que pode sonhar a nossa vã democracia.
JM
Cunha Santos
Os
golpistas não descansam. Não lhes bastou prender e tornar inelegível o ex-presidente
Lula. Sem provas. Não estou aqui para defender a corrupção no governo Witzel,
nem a arrogância doutrinária do bispo bolsonarista Marcelo Crivella, mas os
últimos acontecimentos nos âmbitos da Justiça e do Ministério Público no país
são de deixar qualquer um de queixo caído, “fazer corar um frade de pedra”,
como diz o adágio popular. Não há legislação no mundo que permita o afastamento
de um governador de seu cargo por decisão monocrática. Se há, é um pandemônio
não uma lei. Um único juiz, qual semideus acima de todos os mortais, decidindo
que um homem eleito com 4 milhões e 600
mil votos deixará de ser o governante de seu Estado à luz de seu julgamento
uno, na observância das acusações do Ministério Público e antes que o “réu”
esboce qualquer defesa.
Como
não pensar que tamanha trapalhada jurídica atende a interesses inconfessos,
pela pressa que não aguarda o Pleno do tribunal, pela decisão intempestiva que
confronta a imparcialidade das cortes supremas? Para que, logo em seguida, o
Superior Tribunal de Justiça reconheça a enormidade da barbárie judicial
cometida, mas mantenha, quase à unanimidade, a decisão prolatada pelo
monocrático ministro Benedito Gonçalves.
Witzel
é, hoje, inimigo público número 1 do senhor presidente da República, Jair
Bolsonaro, que sonha com um autogolpe, uma intervenção militar que lhe permita
implantar uma nova ditadura no melhor estilo “varguista” no Brasil. Essa
pretensão é descarada e, em vista disso, a atabalhoada decisão monocrática de
Benedito Gonçalves, referendada em seguida pelo Pleno do STJ, cheira muito mal.
A
GLOBO E CRIVELLA
A
Globo é golpista. Sempre foi e isso é histórico. Seu DNA está no golpe contra
Dilma Roussef e na prisão de Lula. É a mesma emissora que tentou esconder a
campanha das “Diretas Já” do povo brasileiro, segundo consta em troca de
benefícios auferidos junto à ditadura militar.
A
Globo, já há tempos, tem entre seus inimigos a Igreja Universal do Reino de
Deus, por razões que lhes são próprias, entre elas a disputa de audiência e
honorários com a TV Record.
Mas
o que importa aqui é ver, também nesse episódio, o espaço-tempo em que homens
públicos podem ser acusados, julgados e, sem que consigam sequer esboçar uma defesa,
condenados em processos meteóricos. Pela precária diferença de 2 votos, a
Câmara Municipal do Rio de Janeiro não abriu um processo de impeachment contra
o prefeito do Rio de Janeiro, apenas dois dias depois da matéria da Rede Globo
sobre os “Guardiões do Crivella”.
Crivella
e Witzel, a meu ver, são duas figuras nefastas da política brasileira, o gene
bolsonarista não deixa dúvidas. Mas o que preocupa é ver a proficiência com que
a Justiça, às vezes, age ao arrepio da lei e a forma como o Ministério Público
se esfacela, de Curitiba a São Paulo, do Oiapoque ao Chuí, imerso em dúvidas
quanto à idoneidade de parte de seus membros e sitiado pelo autoritarismo de
seus chefes procuradores.
Enquanto
Luís Nassif é vítima de censura e uma juíza censura a própria Rede Globo em
favor do rachadista Flávio Bolsonaro e governadores e prefeitos sentem-se
inseguros no exercício de seus mandatos, a rapidez e displicência de
julgamentos políticos no Brasil acena para a construção de um novo regime ditatorial.
Fiquem
atentos: há mais golpistas entre o Ministério Público e o Poder Judiciário do
que pode sonhar a nossa vã democracia.
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