De janeiro a julho de 2019, o desmatamento na Amazônia foi 62,7 % maior que no mesmo período de 2018 e os focos de incêndios aumentaram 70 %.
JM
Cunha Santos
Com
sua política ambiental de destruição da flora brasileira, o governo Bolsonaro
pilota o Brasil na direção de um abismo econômico sem fundo. A carta do grupo
“Parceria das Declarações de Amsterdã”, que reúne 8 países da Europa liderados
pela Alemanha, ao vice-presidente da República, ameaçando não mais comprar nem
vender produtos brasileiros, é apenas o reforço a um boicote que já vem
acontecendo desde junho. O motivo é o astronômico desmatamento da Amazônia que
cresceu 34 % entre agosto de 2019 e julho de 2020, incentivado pela política
ambiental criminosa adotada pelo governo.
O
governo incentivou a exploração de áreas ambientalmente protegidas, desmontou o
Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e reduziu o
valor das multas por crimes ambientais. Enquanto o governo contestava os dados
do INPE sobre o desmatamento na Amazônia e recriminava os fiscais do Ibama por
destruir equipamentos madeireiros de ataque à floresta, de janeiro a julho de
2019 o desflorestamento na Amazônia foi 62,7 % maior que no mesmo período do
ano de 2018 e os incêndios aumentaram 70 % no mesmo período. Ontem, ainda com
base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) o Jornal
Nacional, da Rede Globo, noticiou que o incêndio no Pantanal atinge uma área
que corresponde a 10 vezes os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro juntos.
As
ameaças internacionais de boicote a produtos brasileiros não surgiram agora com
a carta ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão. Em junho, grupos de
ativistas e varejistas e a União Europeia defenderam a retirada de produtos
brasileiros das prateleiras dos supermercados em resposta à política ambiental
do governo Bolsonaro. Uma das razões para o boicote foi o Projeto de Lei 2633,
o chamado PL da grilagem, através do qual o governo prevê a regularização
fundiária de terras ocupadas da União e que, segundo especialistas, acarretaria
o desmatamento imediato de 11 a 16 mil quilômetros da floresta amazônica.
O
boicote ao Brasil é gigantesco. Em 19 de maio deste ano, nada menos que 47
empresas e grupos empresariais com atuação no Reino Unido propuseram a retirada
de produtos agroalimentares nacionais dos supermercados da Europa. E manifestação
idêntica aconteceu também nos Estados Unidos. O próprio parlamento europeu se
uniu a varejistas britânicos para propor a mesma reação contra o Brasil.
Na
carta recente ao presidente da República, os investidores estrangeiros revelam
a impossibilidade de atender a seus próprios critérios ambientais, sociais e de
segurança se continuarem negociando com o Brasil.
A
irresponsabilidade do governo brasileiro não tem limites. O Ministério do Meio
Ambiente, do passador de boiada Ricardo Salles, investiu tão somente R$ 105 mil
para conservação da floresta amazônica neste ano de 2020. E o Pantanal e a
Amazônia queimam em proporções jamais vistas.
Mas
este é o governo em que o presidente da República propôs a redução das terras
indígenas e considera os índios “quase humanos”, o governo que edita um projeto
de lei oficializando a grilagem de terras públicas.
Parece
que houve um acordo pré-eleitoral em favor de Jair Bolsonaro que incluiu o
apoio ao desmatamento na Amazônia para beneficiar madeireiros, a não punição de
produtores rurais que reagirem com armas nos conflitos pela terra, a redução e
até o desaparecimento de reservas indígenas e terras remanescentes de quilombos.
A
tragédia ambiental a que nos referimos no artigo anterior não se resume ao fogo
gigantesco e ao desmatamento monstruoso na floresta. Está se transformando na
maior tragédia econômica da história do Brasil.
E
Bolsonaro voltou a afirmar que são o índio e o caboclo que “tacam” fogo na
Amazônia. A declaração é de uma irresponsabilidade sem tamanho. Índios e
caboclos nem sequer dispõem de equipamentos e recursos para devastar e
incendiar tanta floresta. O governo Bolsonaro, porém, está mostrando que dispõe
de todos os recursos e equipamentos para destruir as florestas e a economia do
Brasil.
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