JM Cunha Santos
A
Medicina Legal, a Psiquiatria, a Psicanálise, talvez expliquem que tipo de
prazer é esse, o orgasmo infernal de quem goza com o sofrimento alheio, de quem
entra em êxtase psíquica e carnal infligindo dor, ouvindo gritos de desespero e
horror, vendo ossos humanos estalando, sangue escorrendo de gente amarrada; o
maldito prazer sensorial de quem tortura homens e mulheres, crianças e bebês.
Não.
Não explicam. Nada explica. Está além do próprio Deus.
E
o que se pode dizer de quem considera esse tipo de aberração humana um “herói
nacional”, segundo Bolsonaro, um “homem de honra”, segundo declaração recente do
vice-presidente Hamilton Mourão.
O
vereador Gilberto Natalini, de São Paulo, contou, em resposta ao dito de Mourão,
que os choques elétricos que lhe foram ministrados pelo coronel Carlos Alberto
Brilhante Ustra e sua equipe, nos ouvidos, deixaram sua mucosa bucal em carne
viva. Choques e pauladas a noite inteira, durante um mês inteiro, enquanto o
coronel fazia troça, piadas, em êxtase descomunal diante do sofrimento sem tamanho
que era capaz de infligir em seus semelhantes.
Quando
se esgotavam todas as técnicas de tortura, a equipe de Brilhante Ustra ia
buscar os filhos dos presos políticos, pouco se importando que fossem crianças
ou até bebês, numa última tentativa para obter informações. Às vezes torturavam
em família. Pais, mães, irmãos, filhos, todos juntos, no mais assombroso
espetáculo de horror.
Maria
Adélia Teles nunca esqueceu o dia em que o coronel Brilhante Ustra trouxe pelas
mãos seus dois filhos, Edison Teles, de 5 anos e Janaína de 4 anos, e levou até
aonde ela estava: nua, suja de sangue e de vômito, na “Cadeira do Dragão”. E lá
estava também seu marido, César Teles, recém-saído do coma em decorrência de
torturas no “Pau de Arara”.
E
aquela criança de apenas quatro anos de idade, Janaína, perguntou: “Mãe, porque
você está azul (manchas roxas deixadas pela tortura) e papai está verde?
Uma
criança de somente 1 ano e 8 meses, Carlos Alexandre Azevedo, foi torturado nas
dependências da DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social) de São Paulo.
Cresceu vítima de depressão e fobia social até que acabou se suicidando.
Nos
relatórios da Comissão da Verdade, da Câmara Federal, tem muitas histórias como
essas, grande parte delas envolvendo o “herói nacional” de Jair Bolsonaro,
Brilhante Ustra homem a quem homenagearia também no dia em que votou pelo
impeachment de Dilma Rousseff, igualmente torturada pelo “herói”, gritando: “Pela
memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”!
Por
essa homenagem, Jair Bolsonaro foi processado pela Ordem dos Advogados do
Brasil que pediu a sua cassação e incursão na lei penal por apologia ao crime.
Não deu em nada.
Sinceramente,
eu começo a crer, de fato, que tem gente no mundo que não é filho de Deus. E
lamento que existam políticos também aqui no Maranhão trabalhando para reeleger
Jair Bolsonaro presidente da República no Brasil.
Tudo
isso dói demais.
(Fontes: Comissão da
Verdade, Uol, revista Isto É e Consultor Jurídico)
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