JM Cunha Santos
A
esse sol de areia sobre teu corpo
eu
diria que és preferente das nuvens
e
que só cumprirás tua jornada nas estrelas
quando
não mais houver suor no coração da gente
e
os que voam forem livres para dizer aonde está doendo
Sob
esse sol eu diria que não é permitido interromper as garças
Que
saque esse que aturdiu as montanhas de gelo
fechou
as bocas dos cães sanguinários
brilhou
nas cavernas e disse aos tribunais
que
os atletas também amam
também
amamentam
também
choram
e
sonham
e,
porque sonham, defendem o amor na Terra
“O
meu grito é pelo Pantanal que arde em chamas”
o
meu grito é pela Amazônia destroçada
pelos
negros que queimam sem pijamas nas favelas
pelos
índios sufocados sob toras de madeira
pelos
que vem e vão, vão e vem e não lhes deixam chegar
Esse
bloqueio cessará para sempre o ódio na varanda
essa
bola de ponta fará curvas de ternura e amizade
até
que se travem as armas de fogo nas mãos da incerteza
e
mais teu grito cobre o preço desse horror em ascensão
Venha
comigo, Carol
atravessar
o portão de nuvens do Olimpo
que
o Brasil nesta hora pisa degraus invertidos
e
pode cair
como
caíram tantas vozes silenciadas de tua garganta
como
caem as crianças dos balões
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