quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Carol Solberg no Olimpo

JM Cunha Santos

 


A esse sol de areia sobre teu corpo

eu diria que és preferente das nuvens

e que só cumprirás tua jornada nas estrelas

quando não mais houver suor no coração da gente

e os que voam forem livres para dizer aonde está doendo

Sob esse sol eu diria que não é permitido interromper as garças

 

Que saque esse que aturdiu as montanhas de gelo

fechou as bocas dos cães sanguinários

brilhou nas cavernas e disse aos tribunais

que os atletas também amam

também amamentam

também choram

e sonham

e, porque sonham, defendem o amor na Terra

 

“O meu grito é pelo Pantanal que arde em chamas”

o meu grito é pela Amazônia destroçada

pelos negros que queimam sem pijamas nas favelas

pelos índios sufocados sob toras de madeira

pelos que vem e vão, vão e vem e não lhes deixam chegar

 

Esse bloqueio cessará para sempre o ódio na varanda

essa bola de ponta fará curvas de ternura e amizade

até que se travem as armas de fogo nas mãos da incerteza

e mais teu grito cobre o preço desse horror em ascensão

 

Venha comigo, Carol

atravessar o portão de nuvens do Olimpo

que o Brasil nesta hora pisa degraus invertidos

e pode cair

como caíram tantas vozes silenciadas de tua garganta

como caem as crianças dos balões

sem saber que a liberdade é o ponto supremo da vitória


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